Claro como a água? Ver o rio São Francisco entre natureza e sociedade nos olhares de Euvaldo Macedo Filho e João Zinclar

Resumo Neste texto, discutimos a construção dos espaços do rio São Francisco a partir dos olhares de dois fotógrafos que se dedicaram a documentar dois momentos distintos de transformação daqueles espaços do interior do Brasil: o baiano Euvaldo Macedo Filho, que se destacou no final dos anos 1970 por uma farta obra fotográfica e poética sobre tais margens e cursos fluviais no auge da eletrificação; e o gaúcho João Zinclar, fotógrafo contemporâneo ligado a movimentos sociais do campo, cujas questões políticas foram decisivas para sua prática, às vésperas da transposição do São Francisco. Analisamos imagens de exposições e publicações dos dois fotógrafos, notando suas diferentes formas de circulação, indicando que, em comum, esses olhares apontam para a historicidade dos espaços e de suas formas de visualização, a partir da imbricação simétrica entre natureza e sociedade, bem como para os desdobramentos sociais, políticos e ambientais referentes aos usos dos territórios, no Brasil. Abstract In this text, we discuss the construction of spaces of São Francisco river, in Brazil, through the view of two photographers that have documented two distinct moments of transformations of those spaces in the Brazilian backlands: Euvaldo Macedo Filho, born in the state of Bahia, who stood out in the end of the 1970’s for a hearty photographic and poetic work about those banks and watercourse in the peak of the electrification; and the João Zinclar, born in the state of Rio Grande do Sul, contemporary photographer connected to social movements of the country, whose politic questions were decisive to his practice in the eve of the transposition of the river. We analyze images of expositions and publications of both photographers, noticing different ways of circulation, and indicating that, in common, these regards point to the historicity of the spaces and theirs forms of visualization, with the imbrication of nature and society, in addition to social, politic and environmental processes regarding the uses of the territories in Brazil.Resumen En este texto, discutimos la construcción de los espacios del río São Francisco, a partir de las miradas de dos fotógrafos que se dedicaron a documentar dos momentos distintos de transformación de aquellos espacios del interior de Brasil: el fotógrafo Euvaldo Macedo Filho, nacido en el Estado de Bahia, y que se destacó a finales de los años 1970 por una extensa obra fotográfica y poética sobre dichos márgenes y cursos fluviales en el auge de la electrificación; y el fotógrafo João Zinclar, nacido en el Estado de Rio Grande do Sul, fotógrafo contemporáneo conectado a los movimientos sociales del campo, cuyas cuestiones políticas fueron decisivas para su práctica, a vísperas de la transposición de ese río. Analizamos las imágenes de exposiciones y publicaciones de los dos fotógrafos, observando sus diferentes formas de circulación, indicando que sus miradas apuntan en común para la historicidad de los espacios y de sus formas de visualización, a partir de la imbricación simétrica entre naturaleza y sociedad, y, también, de los desdoblamientos sociales, políticos y ambientales vividos en Brasil en lo que se refiere al uso de los territorios.