{"title":"DECLÍNIO DA EXPERIÊNCIA E OS DESAFIOS EDUCACIONAIS: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE WALTER BENJAMIN","authors":"A. Fávero, Marcelo José Doro","doi":"10.18226/21784612.v23.n3.2","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Walter Benjamin fala da experiencia (Erfahrung) como sendo o tipo de sabedoria que resulta do encontro de praticas individuais com o horizonte de sentido fornecido pela vida comunitaria. Mas esse encontro tem se tornado mais dificil a partir do desenvolvimento da sociedade capitalista moderna. As novas dinâmicas de trabalho, somadas ao ritmo acelerado da vida urbana, favorecem o isolamento dos individuos e deturpam sua capacidade de filtrar, significativamente, os eventos que se acumulam no cotidiano. Muitas coisas acontecem, mas muito pouco permanece desses acontecimentos. A experiencia da lugar, assim, a mera vivencia (Erlebnis). Diferentemente da experiencia, que se articula a partir do fundo significativo de uma comunidade e se torna significativa em relacao a ela, a vivencia se constitui como um momento privado. A vivencia nao conecta os individuos a vida da comunidade, a tradicao, e nisso reside sua pobreza. Pobreza de experiencia e, portanto, pobreza cultural, carencia de perspectivas mais amplas que possam apoiar uma avaliacao significativa das vivencias; em suma, incapacidade de aprender. Diante desse contexto, o presente ensaio busca enfatizar o impacto negativo da pobreza de experiencia a constituicao da subjetividade do individuo contemporâneo e assinalar a possibilidade de fazer frente a esse quadro de empobrecimento a partir de uma ideia de educacao voltada a formacao integral, que, mesmo diante do apelo crescente do conhecimento tecnico-cientifico especializado, nao abra mao do ensino das humanidades. Nessa linha, defende-se a tese de que as disciplinas de formacao humanistica, como Artes, Literatura, Filosofia, cumprem um papel de destaque no desenvolvimento das condicoes necessarias a realizacao de experiencias, no sentido especifico descrito por Benjamin. O ensaio, de cunho bibliografico-hermeneutico, se apresenta como uma contribuicao para pensar nos atuais desafios educacionais. Palavras-chave: Experiencia. Pobreza de experiencia. Walter Benjamin. Educacao. Educacao humanistica.","PeriodicalId":260095,"journal":{"name":"Conjectura filosofia e educação","volume":"41 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Conjectura filosofia e educação","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18226/21784612.v23.n3.2","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Walter Benjamin fala da experiencia (Erfahrung) como sendo o tipo de sabedoria que resulta do encontro de praticas individuais com o horizonte de sentido fornecido pela vida comunitaria. Mas esse encontro tem se tornado mais dificil a partir do desenvolvimento da sociedade capitalista moderna. As novas dinâmicas de trabalho, somadas ao ritmo acelerado da vida urbana, favorecem o isolamento dos individuos e deturpam sua capacidade de filtrar, significativamente, os eventos que se acumulam no cotidiano. Muitas coisas acontecem, mas muito pouco permanece desses acontecimentos. A experiencia da lugar, assim, a mera vivencia (Erlebnis). Diferentemente da experiencia, que se articula a partir do fundo significativo de uma comunidade e se torna significativa em relacao a ela, a vivencia se constitui como um momento privado. A vivencia nao conecta os individuos a vida da comunidade, a tradicao, e nisso reside sua pobreza. Pobreza de experiencia e, portanto, pobreza cultural, carencia de perspectivas mais amplas que possam apoiar uma avaliacao significativa das vivencias; em suma, incapacidade de aprender. Diante desse contexto, o presente ensaio busca enfatizar o impacto negativo da pobreza de experiencia a constituicao da subjetividade do individuo contemporâneo e assinalar a possibilidade de fazer frente a esse quadro de empobrecimento a partir de uma ideia de educacao voltada a formacao integral, que, mesmo diante do apelo crescente do conhecimento tecnico-cientifico especializado, nao abra mao do ensino das humanidades. Nessa linha, defende-se a tese de que as disciplinas de formacao humanistica, como Artes, Literatura, Filosofia, cumprem um papel de destaque no desenvolvimento das condicoes necessarias a realizacao de experiencias, no sentido especifico descrito por Benjamin. O ensaio, de cunho bibliografico-hermeneutico, se apresenta como uma contribuicao para pensar nos atuais desafios educacionais. Palavras-chave: Experiencia. Pobreza de experiencia. Walter Benjamin. Educacao. Educacao humanistica.