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Abstract
Em seu conhecido ensaio sobre a música instrumental de Beethoven, E.T.A. Hoffmann definia os contornos de uma metafísica romântica que identificava na forma sinfônica do compositor a irrupção musical do sublime. Para Hoffmann, “a música instrumental de Beethoven inaugura o reino do descomunal (Ungeheuern) (...) emprega todos os meios do terror, do medo, do espanto, da dor, e desperta a nostalgia infinita (unendliche Sehnsucht) que é a essência do romantismo”. Com efeito, o autor foi um dos primeiros a defender, no início do século 19, a ideia romântica de “música absoluta”, dissociada de funções e textos. Ao associar o sinfonismo de Beethoven ao sublime, afastando-o assim do ideal kantiano do belo (este mais vinculado ao classicismo de Haydn e Mozart), a crítica de Hoffmann repercutiu de modo significativo na tradição musicológica posterior. Neste artigo, pretende-se indicar essa influência na interpretação de Adorno do primeiro movimento da Terceira sinfonia, a Eroica (em particular, a inserção de um novo material temático na seção de desenvolvimento) em sua relação com o sublime. Com isso, espera-se mostrar a produtividade dos escritos musicais de Adorno para a concepção do sublime, fundamental para Teoria estética. Por fim, será encaminhada uma breve discussão sobre as implicações políticas da reflexão adorniana sobre o sinfonismo de Beethoven.