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Abstract
O presente artigo se propõe a discutir a região conhecida como Cracolândia enquanto um laboratório de experimentações da ação política no contemporâneo. Adotamos essa definição na medida em que nesse território é testada uma série de práticas voltadas à militarização da vida e que será experimentada em outras territorialidades sob a forma de repressão e controle de corpos, bem como ao aprimoramento das práticas de exceção. Paralelamente, utilizaremos a genealogia foucaultiana para demonstrar como o conceito de anormal, entendido como o inimigo patologizado, é preenchido pelo usuário de crack – uma subjetividade reduzida à sua condição patológica de dependente químico que perdeu sua racionalidade em função do uso compulsivo da substância –, e sobre o qual incidirá às medidas autoritárias em função do risco que representa. Com essa discussão, pretendemos demonstrar que elementos de exceção convivem no interior da democracia e fundam as características da violência na sociabilidade brasileira.