{"title":"A Tensão acerca da Aplicação da Fenomenologia: Jaspers e a Psicopatologia Fenomenológica","authors":"Victor Luis Clavisso Portugal, A. Holanda","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e9704","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Do fato de que Husserl e o movimento fenomenológico preocuparam-se em fundamentalmente oferecer uma ciência transcendental que buscasse rigorosamente identificar as estruturas da experiência bem como a natureza do conhecimento, não surpreende que também outras disciplinas se interessassem em conhecer e aplicar algumas de suas propostas e resultados. Este debate, que desde os primórdios da fenomenologia já toma forma, hoje é atualizado em discussões tanto na psicopatologia fenomenológica contemporânea bem como no campo de pesquisa qualitativa que faz algum uso da fenomenologia. O presente artigo busca primeiramente apresentar a tensão existente ao longo do movimento fenomenológico acerca da possibilidade, validade e utilidade da fenomenologia fora da filosofia fenomenológica. Em seguida, argumentamos que, a partir dos exemplos de Jaspers e da corrente de psicopatologia fenomenológica clássica e contemporânea, é possível oferecer motivos suficientes para justificar tanto a possibilidade de um uso não-filosófico da fenomenologia, bem como sua proficuidade. Não cremos que os propósitos primordiais da filosofia fenomenológica sejam os de estabelecer e fornecer um framework para as várias outras disciplinas; entretanto, uma concepção mais compreensiva da ciência fenomenológica e de seu debatido histórico mostra que seus resultados e possibilidades apresentam-se frutíferos para as ciências, as quais hoje se contrapõem às diversas formas de reducionismo em diversos campos do conhecimento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"39 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Subjetividades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e9704","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Do fato de que Husserl e o movimento fenomenológico preocuparam-se em fundamentalmente oferecer uma ciência transcendental que buscasse rigorosamente identificar as estruturas da experiência bem como a natureza do conhecimento, não surpreende que também outras disciplinas se interessassem em conhecer e aplicar algumas de suas propostas e resultados. Este debate, que desde os primórdios da fenomenologia já toma forma, hoje é atualizado em discussões tanto na psicopatologia fenomenológica contemporânea bem como no campo de pesquisa qualitativa que faz algum uso da fenomenologia. O presente artigo busca primeiramente apresentar a tensão existente ao longo do movimento fenomenológico acerca da possibilidade, validade e utilidade da fenomenologia fora da filosofia fenomenológica. Em seguida, argumentamos que, a partir dos exemplos de Jaspers e da corrente de psicopatologia fenomenológica clássica e contemporânea, é possível oferecer motivos suficientes para justificar tanto a possibilidade de um uso não-filosófico da fenomenologia, bem como sua proficuidade. Não cremos que os propósitos primordiais da filosofia fenomenológica sejam os de estabelecer e fornecer um framework para as várias outras disciplinas; entretanto, uma concepção mais compreensiva da ciência fenomenológica e de seu debatido histórico mostra que seus resultados e possibilidades apresentam-se frutíferos para as ciências, as quais hoje se contrapõem às diversas formas de reducionismo em diversos campos do conhecimento.