J. R. P. Arruda, M. A. Camargos, R. M. Ribeiro, S. L. Toledo, T. A. Silveira
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Abstract
O olhar amplo, considerando-se a complexidade do individuo, pautando-se a Determinacao Social do Processo Saude-Doenca (DSPSD) a partir do recorte de classe, cor da pele, genero e orientacao sexual, nos auxilia a compreender a saude e o adoecer, assim como guia a pratica profissional em saude. O Movimento Popular em Saude Coletiva (MOPSC) encara a saude por essa perspectiva, indo de encontro ao que ainda e expresso na maioria das Universidades tradicionais. O MOPSC surgiu por iniciativa de participantes de variados cursos do VER-SUS Edicao Verao BH/2016, no dia 01/03/2016. O Movimento constroi-se conjuntamente pelas Ligas de Saude Coletiva da Faculdade de Medicina da UFMG e Faculdade Ciencias Medicas de Minas Gerais. Essa uniao de forcas objetiva a construcao de uma saude verdadeiramente popular, multidisciplinar, em defesa do SUS e disposto a participar de sua construcao e fortalecimento. Relatar objetivos, acoes, parceiros e desafios do MOPSC, sugerindo exemplos para iniciativas semelhantes em outras Universidades brasileiras. Encontros quinzenais interdisciplinares, com a discussao de temas negligenciados em nossa formacao; acoes de extensao quinzenais ou mensais junto as comunidades das Ocupacoes Urbanas Eliana Silva e Izidora; atuacao na construcao e defesa do SUS; desenvolvimento de parcerias com movimentos sociais, sindicatos e movimentos estudantis. Os encontros interdisciplinares permitiram contato com assuntos como saude da populacao privada de liberdade; saude e a relacao com identidade de genero e a diversidade sexual; reforma psiquiatrica e luta antimanicomial; ocupacoes urbanas – democratizacao da cidade e saude; atencao primaria e planos de saude; acompanhado de reflexao e desconstrucao pessoal. As atividades de extensao visam a promocao de educacao em saude junto as comunidades das Ocupacoes Urbanas, por meio de rodas de conversa. Ao mediar o dialogo entre Hospital Sofia Feldman e as ocupacoes, foi possivel garantir acompanhamento de pre-natal para todas as mulheres da comunidade e abertura para o debate sobre violencia obstetrica e parto humanizado. A mediacao com o Centro de Saude proximo a Eliana Silva permitiu que a comunidade fosse atendida no local na ausencia de endereco formal. Participacao na organizacao e desenvolvimento do OcupaSUS BH; de encontros e atos contra o desmonte do SUS, o que estimula uma constante analise de conjuntura e autocritica como usuarios e futuros profissionais da saude no SUS. Parceria com o Coletivo de Mulheres Alzira Reis, do Campus Saude da UFMG, propiciou debater machismo e cultura do estupro e sua relacao com a saude integral da mulher dentro da Universidade. Reconhecemos as dificuldades em se desenvolver tal projeto. Ha falta de recursos financeiros, limitando as atuacoes nas ocupacoes, principalmente pela dependencia do transporte; nao ha material produzido para basearmos nossas acoes; adesao aquem do desejado por parte dos estudantes e dificuldades em reconhecer nossas limitacoes na realidade das ocupacoes. Compreendemos que Saude vai muito alem da ausencia de doenca - ela e um processo multifacetado, determinado sociologica e historicamente. Ha muito a se caminhar, mas sempre seguiremos a premissa: saude e um fenomeno social!