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Abstract
Este estudo discute a construção discursiva do povo durante o período conhecido como Segundo Reinado. Desde a perspectiva da Teoria do Discurso em diálogo com apontamentos da análise do discurso foucaultiana e psicanalítica, o texto problematiza a literatura didática dos anos de 1860 que circulou em províncias do Norte enquanto dispositivo do poder pastoral e lugar de inscrição para um acontecimento discursivo importante na história do conceito de povo no Brasil. Este acontecimento demarca o momento em que diversas formações discursivas formulam o tema da tutela do povo. Um sujeito classificado como povo ordeiro, pacífico, obediente, resignado com seu próprio destino e vinculado afetivamente aos vigários provincianos, descritos como os únicos pastores legítimos e responsáveis por conduzir o rebanho simultaneamente nos enredos da tradição e do progresso. Um povo igualmente imaginado segundo o prisma do caráter, do conjunto de seus vícios e desvios comportamentais; como expressão, portanto, de uma singularidade moral. PALAVRAS-CHAVE: Poder pastoral. Educação. Literatura. Conceito de povo.