{"title":"Um Pitágoras africano entre o Brasil e o exílio: André Rebouças e a crença na evolução do cosmos (1888-1893)","authors":"Robert DAIBERT JÚNIOR","doi":"10.1590/0104-87752023000200013","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a presença da crença nas ideias evolucionistas - ao mesmo tempo místico-religiosas e científicas - do filósofo Pitágoras (570-490 a.C.) nos escritos do intelectual negro André Rebouças (1838-1898). Pretende-se compreender os sentidos atribuídos pelo abolicionista brasileiro à sua “propaganda pitagórica”, como caminho ideal para se alcançar as transformações da sociedade, por meio de projetos reformistas voltados tanto ao Brasil quanto à África (1892-1893). Em sua militância, ele acreditava, em consonância com o pensador grego, que o mundo estava em constante evolução moral e material, e sua transformação era ordenada matematicamente pela harmonia dos opostos. Nesse sentido, uma sociedade conduzida por virtudes e comportamentos morais rígidos e disciplinados teria, como consequência, o desenvolvimento social e econômico menos desigual, e vice-versa. Assim, Rebouças defendia, de modo concomitante, um projeto de intervenção moral e material na sociedade como etapa para se alcançar uma futura fraternidade universal, baseada no altruísmo. Com base em seus artigos de jornais, cartas e diários, escritos entre 1888 e 1893, o texto demonstra que André Rebouças inspirou-se nas ideias pitagóricas de evolução do cosmos para propor soluções para causas sociais como a abolição da escravidão e da miséria e a democratização do acesso à terra.","PeriodicalId":37746,"journal":{"name":"Varia Historia","volume":"428 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-05-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Varia Historia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/0104-87752023000200013","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q2","JCRName":"Arts and Humanities","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a presença da crença nas ideias evolucionistas - ao mesmo tempo místico-religiosas e científicas - do filósofo Pitágoras (570-490 a.C.) nos escritos do intelectual negro André Rebouças (1838-1898). Pretende-se compreender os sentidos atribuídos pelo abolicionista brasileiro à sua “propaganda pitagórica”, como caminho ideal para se alcançar as transformações da sociedade, por meio de projetos reformistas voltados tanto ao Brasil quanto à África (1892-1893). Em sua militância, ele acreditava, em consonância com o pensador grego, que o mundo estava em constante evolução moral e material, e sua transformação era ordenada matematicamente pela harmonia dos opostos. Nesse sentido, uma sociedade conduzida por virtudes e comportamentos morais rígidos e disciplinados teria, como consequência, o desenvolvimento social e econômico menos desigual, e vice-versa. Assim, Rebouças defendia, de modo concomitante, um projeto de intervenção moral e material na sociedade como etapa para se alcançar uma futura fraternidade universal, baseada no altruísmo. Com base em seus artigos de jornais, cartas e diários, escritos entre 1888 e 1893, o texto demonstra que André Rebouças inspirou-se nas ideias pitagóricas de evolução do cosmos para propor soluções para causas sociais como a abolição da escravidão e da miséria e a democratização do acesso à terra.
期刊介绍:
Varia Historia was founded in 1985, formerly as Revista do Departamento de História, da Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil. In 1993, after consolidating its importance in Brazilian academic circles, the journal launched a new era looking forward to broaden its audience and improving its quality, with a new title. Varia Historia is a Latin expression by which we wish to affirm our journal as a vehicle for the diversity and the variety of contemporary historiography.