{"title":"Sofrimento psíquico no neoliberalismo e a dimensão política do diagnóstico em saúde mental","authors":"Leticia Coelho, Tiago Neves","doi":"10.1590/s0104-12902023220850pt","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo Este trabalho objetiva demonstrar a dimensão política do diagnóstico das formas de sofrimento psíquico, a partir da crítica da racionalidade neoliberal. A metodologia utilizada foi o trabalho de um conceito através de revisão de bibliografias, principalmente da Psicopatologia e Teoria Social. Historicamente, o tratamento clínico e social dado aos sujeitos que apresentam algum tipo de sofrimento psíquico se relaciona com a cultura de cada época e com a forma vigente de se exercer o poder. Na modernidade, o paradigma psiquiátrico acerca das doenças mentais segue a lógica do dispositivo saber-poder biomédico, que, dentro da lógica neoliberal individualizante, responsabiliza cada sujeito por seu adoecimento e tem como máxima o autoaprimoramento, não a cura. Nesse sentido, as categorias diagnósticas de nossa época servem muito mais para capturar as formas hegemônicas de mal-estar e traduzir em uma gramática passível de normalização do que para expressar a natureza de uma doença mental. Tal hipótese tem imenso peso político, visto que uma razão diagnóstica totalizante corrobora para o esgotamento da capacidade de enfrentar conflitos, contradições e reinvenções, o que gera um cenário de dificuldades para lidar com a alteridade e com as contingências próprias da vida, que acabam sendo patologizadas.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.5000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Saude E Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220850pt","RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"PUBLIC, ENVIRONMENTAL & OCCUPATIONAL HEALTH","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo Este trabalho objetiva demonstrar a dimensão política do diagnóstico das formas de sofrimento psíquico, a partir da crítica da racionalidade neoliberal. A metodologia utilizada foi o trabalho de um conceito através de revisão de bibliografias, principalmente da Psicopatologia e Teoria Social. Historicamente, o tratamento clínico e social dado aos sujeitos que apresentam algum tipo de sofrimento psíquico se relaciona com a cultura de cada época e com a forma vigente de se exercer o poder. Na modernidade, o paradigma psiquiátrico acerca das doenças mentais segue a lógica do dispositivo saber-poder biomédico, que, dentro da lógica neoliberal individualizante, responsabiliza cada sujeito por seu adoecimento e tem como máxima o autoaprimoramento, não a cura. Nesse sentido, as categorias diagnósticas de nossa época servem muito mais para capturar as formas hegemônicas de mal-estar e traduzir em uma gramática passível de normalização do que para expressar a natureza de uma doença mental. Tal hipótese tem imenso peso político, visto que uma razão diagnóstica totalizante corrobora para o esgotamento da capacidade de enfrentar conflitos, contradições e reinvenções, o que gera um cenário de dificuldades para lidar com a alteridade e com as contingências próprias da vida, que acabam sendo patologizadas.