Flávia Regina Dorneles Ramos, Luciane Thomé Schröder, Rebeca Kerkhoven
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Abstract
Epistemologias da África e suas diásporas em uma jornada pelo espaço da linguagem, da arte, da literatura e da tradução Neste volume, encontram-se textos que ecoam muitas e diferentes vozes ancestrais: da origem das Linguagens, da Filosofia, da Literatura, da Astronomia, do Direito, da Medicina, das Matemáticas, da Física (absoluta ou quântica, saber ancestral), dos campos e das cidades. Tem-se, aqui, o grito de mais de 10 milhões de seres humanos que foram sequestrados, torturados, estuprados, desumanizados e escravizados por mais de 400 anos em nome do avanço de uma nova e arrogante ciência. Uma ciência que desprezou e negligenciou saberes fundamentais para a evolução humana; que não tendo dela se apropriado, a fragmentou (JAMES, 1954) ao ponto de estarmos, hoje, tentando “adiar o fim do mundo” (KRENAK, 2019). Láròyè! Estamos a tempo de desobstruir os canais de comunicação da chamada “racionalidade instrumental moderna”, que sustentou no ocidente o paradigma da universalidade do conhecimento científico, legitimando, assim, um único marco epistemológico supostamente passível de ser aplicado em todas as sociedades. Independentemente de suas singularidades culturais, históricas e linguísticas, agiu-se em nome de uma ideologia de emancipação local, fundada na “incontestável” experiência teórica produzida em uma pequena província cultural do mundo: a Europa (DUSSEL, 1993; QUIJANO, 2003). A tempo, reitera-se, de evitar o colapso de ecossistemas pela compreensão de epistemes cuja base é a sustentabilidade, como a Ética Ubuntu dos povos bantu da África Negra. Láròyè! Sim, esta também é a TRAMA e o esforço de permitir que o atraso que representou e representa o etnocentrismo e o racismo para a humanidade, seja superado (Ki-ZERBO, 2010) porque a compreensão é a única garantia do progresso, do avanço moral e intelectual humano (MORIN, 2011). Láròyè!