André Correa da Silva de Araujo, Luis Felipe Silveira de Abreu
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Abstract
O presente artigo apresenta e discute o conceito de “escritas de comunalidade”, proposto pela escritora mexicana Cristina Rivera Garza. Pensada como forma poética de responder às relações intrínsecas entre escrita e barbárie, a comunalidade discute estratégias pelas quais o discurso pode desconstruir sua própria condição de ferramenta da violência no âmbito discursivo do pós-ditaduras latino-americanas. De modo a articular o aspecto heurístico de tal proposta, propomos uma leitura das formas da comunalidade no romance La literatura nazi en America, de Roberto Bolaño. Concebido como uma enciclopédia de escritores colaboradores do nazifascismo, o livro é discutido aqui a partir de uma leitura dos dois níveis semióticos de sua comunalidade: seu aspecto de necroescritura, como denúncia da violência política, e seu caráter de escrita de desapropriação, que movimenta dispositivos líricos para desarticular aquela violência. A proposta objetiva demonstrar através de estratégias de produção de sentido, como a necroescritura e a desapropriação podem constituir um discurso de comunalidade, na sua relação com uma comunicação da violência.