{"title":"“NÓS NEM CREMOS QUE ESCRAVOS OUTRORA TENHA HAVIDO EM TÃO NOBRE PAÍS”","authors":"C. Araujo","doi":"10.18224/cam.v21i2.13365","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo apresenta uma discussão sobre a profissão de fé da litemusicalidade de dois hinos, a saber: o da Proclamação da República (1889), e do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (1989). O objetivo é, de fato, propor uma interpretação, a princípio, de duas letras repletas de cultura e identidade brasileira, ou seja, dois movimentos de construção e expressão do Nacional, o primeiro, da República e seu projeto de embranquecimento e apagamento dos rastros funestos da escravidão negra brasileira, e o segundo, sobre o hino enredo e a aparente reexistência negra no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea com o samba enredo, infelizmente, de chapa branca. E a partir dessa relação dialética inicial, incorporam-se também ao exercício crítico, os três primeiros sambas enredos engajados e campeões do carnaval carioca de 1988: Vila Isabel, Mangueira e Beija Flor. A partir de uma revisão de narrativa bibliográfica, destaca-se, então, que essas literomusicalidades apontadas, oficial e marginal, são mais que expressões de subjetividades, elas se tornam em acervos, registros e interpretações das reações à história negra escravizada brasileira, e dessa maneira, tanto a poesia oral através da letra e música, quanto à cultura, estão mimetizadas na festa do hino oficial da República e das frestas da festa do povo nos sambas enredos das Escolas cariocas. Portanto, entre memória, história e esquecimento objetiva-se discutir o testemunho da existência, resistência e reexistência negra no contrapelo da República brasileira e do samba carioca.","PeriodicalId":282717,"journal":{"name":"Revista Caminhos - Revista de Ciências da Religião","volume":"110 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-09-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Caminhos - Revista de Ciências da Religião","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18224/cam.v21i2.13365","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo apresenta uma discussão sobre a profissão de fé da litemusicalidade de dois hinos, a saber: o da Proclamação da República (1889), e do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (1989). O objetivo é, de fato, propor uma interpretação, a princípio, de duas letras repletas de cultura e identidade brasileira, ou seja, dois movimentos de construção e expressão do Nacional, o primeiro, da República e seu projeto de embranquecimento e apagamento dos rastros funestos da escravidão negra brasileira, e o segundo, sobre o hino enredo e a aparente reexistência negra no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea com o samba enredo, infelizmente, de chapa branca. E a partir dessa relação dialética inicial, incorporam-se também ao exercício crítico, os três primeiros sambas enredos engajados e campeões do carnaval carioca de 1988: Vila Isabel, Mangueira e Beija Flor. A partir de uma revisão de narrativa bibliográfica, destaca-se, então, que essas literomusicalidades apontadas, oficial e marginal, são mais que expressões de subjetividades, elas se tornam em acervos, registros e interpretações das reações à história negra escravizada brasileira, e dessa maneira, tanto a poesia oral através da letra e música, quanto à cultura, estão mimetizadas na festa do hino oficial da República e das frestas da festa do povo nos sambas enredos das Escolas cariocas. Portanto, entre memória, história e esquecimento objetiva-se discutir o testemunho da existência, resistência e reexistência negra no contrapelo da República brasileira e do samba carioca.