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Abstract
Este artigo aborda a questão da construção do conhecimento de verdades através das experiências humanas, contrapondo a ideia hodierna de separação entre teoria-prática, ciência-cotidiano, sujeito-objeto. A ciência moderna reivindica legitimação de um lugar de experiência segura, neutra e acessível, submetendo a validez de quaisquer sabedorias à sua comprovação e seu campo de análise. Abordar a experiência humana como conhecimento válido, implica em considerar a subjetividade, os sentidos, a história e memória dos acontecimentos, impossíveis de captar a partir dos métodos científicos hegemônicos. Dessa forma, é apresentado um estudo de natureza teórica-qualitativa hermenêutica de uma obra tradicional antiga do Yoga, os Yoga Sūtras de Patañjali. Com a mediação do conceito de experiência de Hans-Georg Gadamer, são destacados os pressupostos para o conhecimento como sabedoria prática: repetição e ressignificação, abertura e disposição ao desconhecido, integridade e agir ético, rememoração no presente (abhyāsa, vairāgya, sraddha, vīrya, smrti, samādhiprajñā). Analisa, no conjunto desta obra tradicional, o conceito de experiência como aprendizado, liberação da ignorância/ sofrimento humanos e o propósito da manifestação dos fenômenos (bhoga-apavargatam). Discute o processo do aprendizado como um constante movimento de discernimento através de rupturas com preconceitos, da lembrança do si em rede de relações e do reconhecimento de fronteiras da razão humana. Os ensinamentos tradicionais do yoga possibilitam a perspectiva do conhecimento de si como experiência do distanciamento, não como isolamento ou indiferença, mas para percepção da interdependência de relações e da ampliação de horizontes para a contínua (e infinita) construção do conhecimento de verdades.