{"title":"RELAÇÃO ENTRE A DEFICIÊNCIA DE FERRO E A INCIDÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA: REVISÃO DE CASOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE HEMATOLOGIA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.009","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivos</h3><div>O ferro participa na formação da hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio, e no metabolismo energético. Sua deficiência acomete de 20 a 30% da população e é a principal causa de anemia no mundo. Em crianças provoca atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e nos adultos diminui a capacidade laborativa. A ferritina é uma proteína que representa as reservas de ferro no organismo e sua diminuição é critério diagnóstico para esse déficit. O estudo busca analisar a incidência de deficiência de ferro com ou sem anemia em pacientes atendidos em um ambulatório de Hematologia na cidade de São Carlos no período de 6 meses e descrever suas características demográficas.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Pesquisa de caráter exploratório, descritivo e retrospectivo, com enfoque no levantamento de dados quantitativos através da revisão de 248 prontuários de pacientes novos atendidos em um ambulatório de Hematologia no interior de São Paulo, entre abril e setembro de 2023. O critério para anemia foi ter hemoglobina inferior a 13 g/dL, 12 g/dL e 11 g/dL em homens, mulheres e crianças, respectivamente. Níveis de ferritina < 30 ng/mL foi usado como parâmetro diagnóstico para deficiência de ferro. Analisou-se a incidência da deficiência de ferro sem e com anemia, o sexo e a idade desses pacientes.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Dos 248 prontuários, 137 tinham dosagem de ferritina. Níveis inferiores a 30 ng/mL foram encontrados em 69 pacientes. Até 13 anos foram encontrados 10 indivíduos, sendo detectada anemia em 60%, com maior frequência em crianças de 1 ano. Entre os 59 adultos, 54 eram mulheres de 14 a 72 anos e, destas, 29,6% apresentaram hemoglobina abaixo de 12 g/dL. A idade mais prevalente foi de 15 a 43 anos. Apenas 5 homens possuíam deficiência de ferro e 60% apresentaram também anemia. O intervalo encontrado foi de 16 a 90 anos, com maior prevalência entre os homens acima de 70. Como queixa principal foram encontrados sintomas de déficit de ferro como: cansaço, indisposição, tontura e queda de cabelo em pacientes com e sem anemia.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Foi observada elevada incidência de deficiência de ferro no ambulatório de Hematologia, independente da anemia. Estudos demonstram que a falta desse mineral, ainda sem diminuição dos níveis de hemoglobina, é suficiente para acarretar déficit físico/cognitivo em crianças e nos adultos, provoca sintomas de fadiga, indisposição, susceptibilidade a infecções, alterações no humor, dificuldade de raciocínio, diminuição da capacidade laborativa e da qualidade de vida. Observou-se maior prevalência no sexo feminino, sobretudo em idade reprodutiva, provavelmente associado a fatores fisiológicos, como a gestação e menstruação. Mais de 70% das mulheres não apresentaram redução da hemoglobina, mas tinham deficiência de ferro, mostrando a importância da dosagem da ferritina para diagnóstico.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A deficiência de ferro é uma alteração comum, principalmente nas mulheres e, frequentemente não associada à anemia. Portanto, nossos resultados demonstram a necessidade de incorporar a dosagem de ferritina rotineiramente, sobretudo na atenção básica, bem como a conscientização dos profissionais na relevância diagnóstica e tratamento.</div></div>","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8000,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137924003420","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q3","JCRName":"HEMATOLOGY","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Objetivos
O ferro participa na formação da hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio, e no metabolismo energético. Sua deficiência acomete de 20 a 30% da população e é a principal causa de anemia no mundo. Em crianças provoca atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e nos adultos diminui a capacidade laborativa. A ferritina é uma proteína que representa as reservas de ferro no organismo e sua diminuição é critério diagnóstico para esse déficit. O estudo busca analisar a incidência de deficiência de ferro com ou sem anemia em pacientes atendidos em um ambulatório de Hematologia na cidade de São Carlos no período de 6 meses e descrever suas características demográficas.
Materiais e métodos
Pesquisa de caráter exploratório, descritivo e retrospectivo, com enfoque no levantamento de dados quantitativos através da revisão de 248 prontuários de pacientes novos atendidos em um ambulatório de Hematologia no interior de São Paulo, entre abril e setembro de 2023. O critério para anemia foi ter hemoglobina inferior a 13 g/dL, 12 g/dL e 11 g/dL em homens, mulheres e crianças, respectivamente. Níveis de ferritina < 30 ng/mL foi usado como parâmetro diagnóstico para deficiência de ferro. Analisou-se a incidência da deficiência de ferro sem e com anemia, o sexo e a idade desses pacientes.
Resultados
Dos 248 prontuários, 137 tinham dosagem de ferritina. Níveis inferiores a 30 ng/mL foram encontrados em 69 pacientes. Até 13 anos foram encontrados 10 indivíduos, sendo detectada anemia em 60%, com maior frequência em crianças de 1 ano. Entre os 59 adultos, 54 eram mulheres de 14 a 72 anos e, destas, 29,6% apresentaram hemoglobina abaixo de 12 g/dL. A idade mais prevalente foi de 15 a 43 anos. Apenas 5 homens possuíam deficiência de ferro e 60% apresentaram também anemia. O intervalo encontrado foi de 16 a 90 anos, com maior prevalência entre os homens acima de 70. Como queixa principal foram encontrados sintomas de déficit de ferro como: cansaço, indisposição, tontura e queda de cabelo em pacientes com e sem anemia.
Discussão
Foi observada elevada incidência de deficiência de ferro no ambulatório de Hematologia, independente da anemia. Estudos demonstram que a falta desse mineral, ainda sem diminuição dos níveis de hemoglobina, é suficiente para acarretar déficit físico/cognitivo em crianças e nos adultos, provoca sintomas de fadiga, indisposição, susceptibilidade a infecções, alterações no humor, dificuldade de raciocínio, diminuição da capacidade laborativa e da qualidade de vida. Observou-se maior prevalência no sexo feminino, sobretudo em idade reprodutiva, provavelmente associado a fatores fisiológicos, como a gestação e menstruação. Mais de 70% das mulheres não apresentaram redução da hemoglobina, mas tinham deficiência de ferro, mostrando a importância da dosagem da ferritina para diagnóstico.
Conclusão
A deficiência de ferro é uma alteração comum, principalmente nas mulheres e, frequentemente não associada à anemia. Portanto, nossos resultados demonstram a necessidade de incorporar a dosagem de ferritina rotineiramente, sobretudo na atenção básica, bem como a conscientização dos profissionais na relevância diagnóstica e tratamento.