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Abstract
Neste artigo, analisamos os feixes de poder que possibilitaram a inscrição do sítio arqueológico Cais do Valongo como Patrimônio Mundial. Através de documentos, trabalho de campo e literatura especializada, destacamos três cenários: a incorporação de ativistas dos movimentos negros à administração pública no final dos anos 1970, a legitimação internacional das agendas afro-brasileiras pelo projeto A Rota do Escravo da Unesco e o incremento à indústria turística durante a operação urbana Porto Maravilha no início do século XXI. Argumentamos que a territorialização das memórias da escravidão foi impulsionada por uma gestão empresarial das identidades culturais, em que métodos e procedimentos técnicos impuseram-se como modelo de ação política. Desse modo, concluímos que o discurso da identidade afro-brasileira se integrou às novas dinâmicas de acumulação do capital e de mercantilização cultural, com os sentidos e práticas em torno do cais agregando as lógicas do dever de memória e da regulação concorrencial.
在这篇文章中,我们分析了使Cais do Valongo考古遗址成为世界遗产的力量。通过文件、实地调查和专门文献,我们强调了三种情景:20世纪70年代末黑人运动活动家融入公共管理,联合国教科文组织奴隶之路项目使非裔巴西议程在国际上合法化,以及21世纪初波尔图马拉维拉城市运营期间旅游业的发展。我们认为,奴隶制记忆的属地化是由文化身份的商业管理驱动的,在这种管理中,方法和技术程序被强加为政治行动的模式。因此,我们得出结论,非裔巴西人身份的话语与资本积累和文化商品化的新动力相结合,围绕码头的意义和实践聚合了记忆义务和竞争监管的逻辑。
期刊介绍:
Tempo Social to publish original contributions in Sociology; Sociological Theory; Other specific sociologies. Its abbreviated title is Tempo soc., which should be used in bibliographies, footnotes and and bibliographical references and strips.