{"title":"Formação Taciba: última manifestação glacial no Paraná","authors":"T. Mottin, F. Vesely","doi":"10.5380/geo.v78i0.79352","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A Era Glacial Neopaleozoica e a transição completa para condições pós-glaciais são considerados eventos climáticos únicos na história geológica. O principal registro de tais eventos está nas bacias sedimentares gondwânicas, que sugerem uma glaciação dinâmica marcada por repetidos períodos glaciais e interglaciais. A Bacia do Paraná abriga o registro mais espesso e geograficamente extenso da glaciação, referido como Grupo Itararé. Este trabalho pretende analisar o registro da última influência das geleiras neopaleozoicas no norte da Bacia do Paraná e a natureza da transição para os estratos pós-glaciais da Formação Rio Bonito. A região de Ibaiti, no nordeste do Paraná, foi escolhida como área de estudo por conter uma das maiores espessuras da Formação Taciba na bacia e por necessitar de estudos de maior detalhe, capazes de refinar a estratigrafia e história deposicional. Para tal, foram empregados métodos sedimentológicos (levantamento de fácies, associações de fácies, perfis estratigráficos verticais) e mapeamento geológico. Ademais, foram traçadas correlações estratigráficas entre perfis de afloramento e perfis de raios-gama de poços profundos. A Formação Taciba apresenta espessuras de cerca de 150 m e foi subdividida em três unidades genéticas mapeáveis: 1) depósitos proglaciais, dispostos em um padrão de granodecrescência ascendente e que incluem conglomerados, arenitos, diamictitos e lamitos; 2) depósitos deltaicos, compreendendo ritmitos, heterolitos e arenitos empilhados em um padrão de granocrescência ascendente; e 3) depósitos glácio-marinhos ressedimentados, englobando diamictitos que definem um padrão granocrescente ascendente. Afinidade glacial nas unidades 1 e 3, e decréscimo/ausência de evidência glacial na unidade 2 sugerem dois episódios distintos de avanço glacial, separados por uma fase interglacial. As tendências deposicionais definidas em superfície prolongam-se por centenas de quilômetros bacia adentro. A passagem glacial-pós-glacial no norte da bacia é abrupta, definida por uma superfície erosiva associada à formação de paleossolo e vales incisos no topo da unidade 3.","PeriodicalId":41628,"journal":{"name":"Boletim Paranaense de Geociencias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.5000,"publicationDate":"2021-09-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"4","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Boletim Paranaense de Geociencias","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5380/geo.v78i0.79352","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"GEOSCIENCES, MULTIDISCIPLINARY","Score":null,"Total":0}
引用次数: 4
Abstract
A Era Glacial Neopaleozoica e a transição completa para condições pós-glaciais são considerados eventos climáticos únicos na história geológica. O principal registro de tais eventos está nas bacias sedimentares gondwânicas, que sugerem uma glaciação dinâmica marcada por repetidos períodos glaciais e interglaciais. A Bacia do Paraná abriga o registro mais espesso e geograficamente extenso da glaciação, referido como Grupo Itararé. Este trabalho pretende analisar o registro da última influência das geleiras neopaleozoicas no norte da Bacia do Paraná e a natureza da transição para os estratos pós-glaciais da Formação Rio Bonito. A região de Ibaiti, no nordeste do Paraná, foi escolhida como área de estudo por conter uma das maiores espessuras da Formação Taciba na bacia e por necessitar de estudos de maior detalhe, capazes de refinar a estratigrafia e história deposicional. Para tal, foram empregados métodos sedimentológicos (levantamento de fácies, associações de fácies, perfis estratigráficos verticais) e mapeamento geológico. Ademais, foram traçadas correlações estratigráficas entre perfis de afloramento e perfis de raios-gama de poços profundos. A Formação Taciba apresenta espessuras de cerca de 150 m e foi subdividida em três unidades genéticas mapeáveis: 1) depósitos proglaciais, dispostos em um padrão de granodecrescência ascendente e que incluem conglomerados, arenitos, diamictitos e lamitos; 2) depósitos deltaicos, compreendendo ritmitos, heterolitos e arenitos empilhados em um padrão de granocrescência ascendente; e 3) depósitos glácio-marinhos ressedimentados, englobando diamictitos que definem um padrão granocrescente ascendente. Afinidade glacial nas unidades 1 e 3, e decréscimo/ausência de evidência glacial na unidade 2 sugerem dois episódios distintos de avanço glacial, separados por uma fase interglacial. As tendências deposicionais definidas em superfície prolongam-se por centenas de quilômetros bacia adentro. A passagem glacial-pós-glacial no norte da bacia é abrupta, definida por uma superfície erosiva associada à formação de paleossolo e vales incisos no topo da unidade 3.