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Abstract
Há 500 anos, os povos indígenas r(existem) em sua pluralidade. Contra a guerra unificadora do Estado, a abertura ao múltiplo. De um lado dessa guerra, impondo uma língua única, está a pátria e sua “língua paterna”; do outro, a língua materna dos povos plurais, língua-mátria, língua-terra, língua com a qual se tem uma relação de afeto, e não de comando; de pertencimento, e não de propriedade; de cuidado, e não de mercadoria. Não se trata, no entanto, apenas de preservar a língua materna, a resistência também se faz no devir-menor que ela realiza na língua maior. Um devir que desvia a língua paterna de seus propósitos estatais homogeneizadores, de sua violência excludente. A agência da literatura ameríndia, como uma rasgadura em nossa história cultural, coloca nosso etnocentrismo e antropocentrismo em questão, abertura de nosso mundo tão fechado em si mesmo para outros mundos.