{"title":"Brechas sonoras: resistências e recriações. Esgarçando sistemas político-culturais","authors":"Buscacio Cesar","doi":"10.34096/oidopensante.v10n2.10385","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo tematiza a promoção de brechas sonoras por parte de grupos subalternizados, entendendo-as como práticas de resistência e de parcial recriação das condições de existência frente a processos de exploração, espoliação e até de aniquilação com que historicamente defrontam-se tais segmentos sociais. Consideramos que as brechas sonoras esgarçam postulados de legitimação identitária e hierárquica vinculadas a sensibilidades e racionalidades, contribuindo dessa maneira para fissurar a hegemonia de sistemas político-culturais estabelecidos na modernidade. Sugerimos, como hipótese, que as brechas sonoras assim procedem mediante uma tríplice operatória: 1) seu trânsito incessante, dificultando que sejam por completo capitalizadas ou reificadas; 2) sua imbricação ao sensório e à corporeidade, no acionamento de epistemologias distintas do uso instrumental; 3) sua invocação a ordens utópicas do social, através da interligação a cosmologias, ancestralidades etc. Procedemos, em desdobramento, a uma interpretação de brechas sonoras efetivadas por povos ameríndios e africanos/afrodescendentes nas terras de Minas no decorrer dos séculos XVIII e XIX. Em termos teóricos, fundamentamos nossa reflexão principalmente no trabalho do historiador jesuíta Michel de Certeau, que abordando as sonoridades como o \"outro\" da escritura ocidental, indicou seu potencial como \"artes do fazer\" e \"táticas\" dos fracos.","PeriodicalId":40885,"journal":{"name":"Oido Pensante","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.3000,"publicationDate":"2022-09-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Oido Pensante","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.34096/oidopensante.v10n2.10385","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"MUSIC","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo tematiza a promoção de brechas sonoras por parte de grupos subalternizados, entendendo-as como práticas de resistência e de parcial recriação das condições de existência frente a processos de exploração, espoliação e até de aniquilação com que historicamente defrontam-se tais segmentos sociais. Consideramos que as brechas sonoras esgarçam postulados de legitimação identitária e hierárquica vinculadas a sensibilidades e racionalidades, contribuindo dessa maneira para fissurar a hegemonia de sistemas político-culturais estabelecidos na modernidade. Sugerimos, como hipótese, que as brechas sonoras assim procedem mediante uma tríplice operatória: 1) seu trânsito incessante, dificultando que sejam por completo capitalizadas ou reificadas; 2) sua imbricação ao sensório e à corporeidade, no acionamento de epistemologias distintas do uso instrumental; 3) sua invocação a ordens utópicas do social, através da interligação a cosmologias, ancestralidades etc. Procedemos, em desdobramento, a uma interpretação de brechas sonoras efetivadas por povos ameríndios e africanos/afrodescendentes nas terras de Minas no decorrer dos séculos XVIII e XIX. Em termos teóricos, fundamentamos nossa reflexão principalmente no trabalho do historiador jesuíta Michel de Certeau, que abordando as sonoridades como o "outro" da escritura ocidental, indicou seu potencial como "artes do fazer" e "táticas" dos fracos.
期刊介绍:
The aim of El oído pensante is to promote the discussion of theoretical, methodological and epistemological dilemmas faced by different kinds of music research. Unpublished articles in Spanish, Portuguese and English dealing with ethnomusicology, anthropology, sociology of music, popular music studies, musicology, and cultural studies, among other disciplines, are received. Papers should be original and those which produce criticism of theoretical paradigms, methodology, transdisciplinarity, knowledge validation, research ideologies, representation resources, narrative strategies, ethic and esthetic research perspectives, relationships during the fieldwork experience, social and political research significance, the researcher’s perceptive and conceptual baggage, new technologies and their ways of spreading and sharing knowledge, etc., will be welcome. Since the intention of the journal is to promote critical thought aimed to dismantle usual concepts and to open new approaches, papers restricted to analyzing particular cases will not be accepted. However, it is expected that authors bring some cases into the text in order to support their main ideas. Articles and reviews are received.