{"title":"Impacto da Pandemia COVID-19 na Mortalidade em Serviço de Urgência","authors":"Helena Rodrigues","doi":"10.24950/o/135/21/3/2021","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo: Introdução: Dados oficiais revelam que a mortalidade por todas as causas, em Portugal, em 2020 é superior à de 2019. O receio dos doentes de contágio por SARS-CoV-2 condicionou o protelar de avaliações médicas por opção ou imposição e o recurso aos Serviços de Urgência (SU) não foi exceção. O objetivo foi comparar as características demográficas, clínicas e analíticas dos doentes falecidos num SU dedicado à COVID-19, com igual período do ano pregresso. Material e Métodos: Estudo retrospetivo, no qual foram analisadas as notas de alta dos doentes que faleceram durante a permanência no SU entre os dias 18 de março e 22 de junho de 2019 e 2020. A análise estatística foi realizada com recurso ao programa IBM SPSS. Resultados: Durante o período analisado faleceram no SU 33 doentes no ano de 2019 e 99 doentes em 2020, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 0,34% e 1,89%, respetivamente. Destaca-se que, em 2020, apenas 4,04% (n = 4) dos óbitos eram de doentes com zaragatoas SARS- -CoV-2 positivas ainda que todos os falecidos apresentassem infeções respiratórias graves. Houve uma diferença estatisticamente significativa no que concerne ao tempo de permanência no SU (p < 0,01), alectuamento (p = 0,04), demência (p = 0,03) e presença de insuficiência respiratória à admissão (p = 0,001). Não se verificaram diferenças no que diz respeito aos dados demográficos, maioria das comorbilidades e parâmetros analíticos. Conclusão: Em relação a 2019, os óbitos verificados em 2020 no SU ocorreram em doentes mais vulneráveis e com doença mais grave. Foi a procura mais tardia dos cuidados hospitalares, particularmente na agudização de doenças crónicas, que condicionou, de forma irreversível, este desfecho. O número de mortes passível de ser atribuído à COVID-19 é ínfimo, merecendo reflexão e readaptação de boas práticas que assegurem que os doentes sejam admitidos nos SU dentro das janelas temporais preconizadas e de acordo com as patologias suspeitas","PeriodicalId":32856,"journal":{"name":"Medicina Interna","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Medicina Interna","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.24950/o/135/21/3/2021","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo: Introdução: Dados oficiais revelam que a mortalidade por todas as causas, em Portugal, em 2020 é superior à de 2019. O receio dos doentes de contágio por SARS-CoV-2 condicionou o protelar de avaliações médicas por opção ou imposição e o recurso aos Serviços de Urgência (SU) não foi exceção. O objetivo foi comparar as características demográficas, clínicas e analíticas dos doentes falecidos num SU dedicado à COVID-19, com igual período do ano pregresso. Material e Métodos: Estudo retrospetivo, no qual foram analisadas as notas de alta dos doentes que faleceram durante a permanência no SU entre os dias 18 de março e 22 de junho de 2019 e 2020. A análise estatística foi realizada com recurso ao programa IBM SPSS. Resultados: Durante o período analisado faleceram no SU 33 doentes no ano de 2019 e 99 doentes em 2020, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 0,34% e 1,89%, respetivamente. Destaca-se que, em 2020, apenas 4,04% (n = 4) dos óbitos eram de doentes com zaragatoas SARS- -CoV-2 positivas ainda que todos os falecidos apresentassem infeções respiratórias graves. Houve uma diferença estatisticamente significativa no que concerne ao tempo de permanência no SU (p < 0,01), alectuamento (p = 0,04), demência (p = 0,03) e presença de insuficiência respiratória à admissão (p = 0,001). Não se verificaram diferenças no que diz respeito aos dados demográficos, maioria das comorbilidades e parâmetros analíticos. Conclusão: Em relação a 2019, os óbitos verificados em 2020 no SU ocorreram em doentes mais vulneráveis e com doença mais grave. Foi a procura mais tardia dos cuidados hospitalares, particularmente na agudização de doenças crónicas, que condicionou, de forma irreversível, este desfecho. O número de mortes passível de ser atribuído à COVID-19 é ínfimo, merecendo reflexão e readaptação de boas práticas que assegurem que os doentes sejam admitidos nos SU dentro das janelas temporais preconizadas e de acordo com as patologias suspeitas