{"title":"O velho, o bobo e o louco: Ensaio sobre a representação da loucura em Rei Lear","authors":"Pedro Süssekind","doi":"10.32334/oqnfp.2022n50a836","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifestações interrelacionadas, correspondentes a três personagens: Lear, Pobre Tom e o Bobo. O primeiro enlouquece em decorrência da senilidade e do choque emocional, o segundo encena o desvario de um possesso, e o terceiro usa ironicamente o nonsense para dizer verdades incômodas. Por meio desses personagens, aparecem em cena formas de explicação da loucura concorrentes: a médica, que se baseava no conceito de melancolia; a religiosa, que a associava à possessão demoníaca; e a satírica, que via a loucura como contraparte do saber racional. Recorrendo ao Elogio da loucura de Erasmo e à História da loucura de Foucault, a hipótese defendida no ensaio é a de que Shakespeare combinou diferentes aspectos da experiência da loucura presentes nas manifestações artísticas do início da modernidade, revelando assim uma relação dialética de loucura e sabedoria.","PeriodicalId":32937,"journal":{"name":"O Que Nos Faz Pensar","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"O Que Nos Faz Pensar","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.32334/oqnfp.2022n50a836","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifestações interrelacionadas, correspondentes a três personagens: Lear, Pobre Tom e o Bobo. O primeiro enlouquece em decorrência da senilidade e do choque emocional, o segundo encena o desvario de um possesso, e o terceiro usa ironicamente o nonsense para dizer verdades incômodas. Por meio desses personagens, aparecem em cena formas de explicação da loucura concorrentes: a médica, que se baseava no conceito de melancolia; a religiosa, que a associava à possessão demoníaca; e a satírica, que via a loucura como contraparte do saber racional. Recorrendo ao Elogio da loucura de Erasmo e à História da loucura de Foucault, a hipótese defendida no ensaio é a de que Shakespeare combinou diferentes aspectos da experiência da loucura presentes nas manifestações artísticas do início da modernidade, revelando assim uma relação dialética de loucura e sabedoria.