Marcos Roberto Vieira Garcia, Cláudia Renata Dos Santos Barros, Vera Silvia Facciola Paiva, Maria Carla Corrochano, Djalma Barbosa, Nathália De Souza Machado dos Reis, Diego Silva Plácido
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Abstract
Contexto e Objetivo: Estudos recentes mostram um aumento de ideação e comportamentos suicidas entre jovens, havendo fortes associações com ser pobre, ser mulher, ser LGBT (lésbica, gay, bissexual ou transgénero) e sofrer discriminação na escola e/ou na internet. Embora os determinantes sociais da ideação suicida sejam amplamente debatidos em todo o mundo, há uma lacuna sobre esses temas em relação aos jovens brasileiros, o que o presente estudo pretende contribuir para preencher. Métodos: O estudo transversal utilizou uma amostra de conveniência de 475 alunos do ensino médio (16–17 anos) de nove escolas públicas do estado de São Paulo, Brasil. Resultados: Do total de entrevistados, 224 deles relataram ideação suicida ao longo da vida, uma prevalência inesperadamente alta (47,2%). Na análise múltipla com estimativa da razão de prevalência (RP) ajustada, atração por pessoas do mesmo sexo ou bissexual (RP = 1,87; IC95%: 1,5–2,3), estudar em escolas noturnas (RP = 1,36; IC95%: 1,1–1,6) — indicativo de menor condição econômica — e ser discriminado em escola (RP = 1,22; IC95%: 1,0–1,5) e na internet (RP = 1,48; IC95%: 1,2–1,8) foram associados positivamente à ideação suicida ao longo da vida. Raça/etnia e gênero dos alunos não foram associados. Conclusões: Os resultados apontam para a necessidade de consideração dos determinantes sociais da saúde mental no debate público e nos programas de intervenção voltados à juventude no Brasil e em outros lugares. O aprimoramento da promoção da saúde mental, levando-se em conta os determinantes sociopolíticos da saúde, deve ser uma prioridade estratégica e política. É crucial uma perspectiva interseccional abrangente que reflita sobre as várias formas de dominação e como estas se conectam com o sofrimento mental e suas consequências.