Marcos Guilherme Moura-Silva, Joâo Bento Torres Neto, Tadeu Oliver Gonçalves
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Abstract
Resumo A Ansiedade Matemática é um fenômeno global e altamente prevalente, possuindo marcadores fisiológicos, cognitivos e comportamentais. No entanto, pouco se conhece sobre seus mecanismos neurais subjacentes. Fornecemos uma Revisâo Sistemática de estudos que investigaram os correlatos neurais da Ansiedade Matemática (AM) na última década e discutimos suas implicações para o processo de ensino aprendizagem. Foram selecionadas pesquisas que avaliaram parâmetros fisiológicos da funçâo cerebral de indivíduos com AM através de bancos de dados eletrônicos, atentando-se a critérios de inclusâo e exclusâo delineados. A qualidade da literatura foi analisada a partir dos 11 itens da escala de qualidade PEDro e conduzida pelo fluxograma de seleçâo de estudos PRISMA, resultando na inclusâo de 14 estudos neurocientíficos. Em geral, a literatura vem sugerir que as redes neurais de medo e de dor sâo estimuladas antes e durante tarefas numéricas em indivíduos com alta AM. Além disso, há uma capacidade reduzida de Memória de Trabalho e déficit de atençâo/inibiçâo em indivíduos com alta AM. Eles também sâo mais propensos a cometer erros em tarefas matemáticas, tem representações menos precisas de magnitude numérica, abordam os problemas matemáticos de maneira diferente de seus pares menos ansiosos e tendem a elevar mais recursos de controle cognitivo para concluir objetivos com estímulos aversivos relacionados ao raciocínio matemático, podendo impactar a eficiência de processamento e gerar déficits de desempenho. Resultados suportam, ainda, que os efeitos da AM estâo associados à uma menor ativaçâo cortical já durante os estágios iniciais do processamento de estímulos numéricos, independente da complexidade da tarefa. Implicações para guiar a prática do professor que ensina Matemática sâo discutidas à luz das evidências.