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Abstract
Embora ancoradas numa certa realidade histórica, as narrativas propostas por Fernão Lopes para os reinados de três reis portugueses –D. Pedro, D. Fernando e D. João I– têm sido sucessivamente olhadas como o resultado de uma construção complexa, associada a um presumível plano ideológico unificador e a um contexto político muito específico. Ao longo desse processo de construção, o cronista de Avis terá utilizado diversos elementos-chave, tais como aquelas figuras que ele identificaria repetidamente como letrados, e que nos permitem hoje fazer uma leitura crítica da sua narrativa. Aqui, procuramos analisar precisamente os usos que Fernão Lopes faz destas personagens na relação com os diferentes monarcas, particularmente sob o espectro do Grande Cisma do Ocidente (1378-1417). Utilizando as obras do cronista português dedicadas aos reinados de D. Fernando e D. João I, o nosso estudo centrar-se-á em dois temas principais: primeiro, a forma como o cronista descreve estes indivíduos e os coloca em diálogo efetivo ou metafórico com os diferentes reis; segundo, a forma como representa estes homens e lhes atribui um capital simbólico na economia de uma narrativa que parece afirmar uma certa honra letrada. Este inquérito será precedido de uma breve análise sobre o conceito de honra: o que significava tal conceito no contexto do final da Idade Média e de que forma evoluiu?