Ana Rebeca Medeiros Nunes de Oliveira, Terezinha Teixeira Joca, Marilene Calderaro Munguba, L. Bloc
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Abstract
A sigla Coda foi criada para nomear os filhos ouvintes de pais surdos, uma abreviação para o termo em inglês “child of deaf adults”. São pessoas que transitam entre "dois mundos", vivendo suas experiências no mundo surdo, ao relacionar-se com a cultura e comunidade surda e comunicar-se com línguas de sinais, ao mesmo tempo que convive com costumes, povos e línguas do mundo ouvinte, e que exercem uma possível mediação cultural diante dessas comunidades. Este artigo tem como objetivo compreender o mundo vivido (Lebenswel) do sujeito Coda, que vive com características distintas, imerso no mundo ouvinte, e o mundo surdo. Este estudo é de cunho qualitativo, relevando aspectos voltados à realidade do sujeito e suas relações sociais, abordando questões culturais e identitárias. A partir do método fenomenológico, inspirado em Merleau-Ponty, no período de fevereiro a junho de 2019, foram realizadas a coleta de informações e sua análise a partir de entrevistas semiestruturadas com quatro participantes Codas. A análise dos dados seguiu os seguintes passos: divisão do texto nativo; análise descritiva e “sair dos parênteses”. Foram estabelecidas como categorias para análise: a responsabilidade de ser Coda e a experiência entre os dois mundos. Entende-se que a experiência diante do mundo vivido do Coda é atravessada tanto por um lugar comum de ser Coda, quanto por uma experiência singular. Conclui-se que não há como separar a experiência do vivido do sujeito Coda em mundo ouvinte e mundo surdo, pois ele se constitui entre esses dois mundos.