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Abstract
Resumo O objetivo deste estudo foi refletir sobre os efeitos da não adesão ao tratamento para a equipe de saúde e sobre as ações/reações da equipe que podem causar a não adesão ao tratamento. A amostra foi composta por 10 profissionais de saúde. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada. O material coletado foi submetido à análise temática, e discussão foi baseada na psicanálise. Como resultado, verificou-se que os profissionais relacionaram a não adesão às carências percebidas nos pacientes. Também foi identificada a presença de um ciclo de encaminhamentos, o qual, por vezes, significava uma tentativa de eliminar um incômodo (a não adesão), mas, em contrapartida, o causava. Verificou-se também a presença de confusão entre cuidado e controle, produzindo relações permeadas por desconfiança, verificação e correção. Percebeu-se, ainda, relação entre não adesão e frustração, seja porque o tratamento é insuficiente para evitar o sofrimento do paciente, seja pelo desconforto advindo da não cooperação do paciente. Ao final, como efeitos para a equipe, evidenciou-se a presença de profissionais envolvidos por um discurso de frustração, desvalorização e impotência. Como efeitos da equipe, verificou-se que profissionais também podem produzir aquilo de que se queixam, pelos lugares subjetivos que delineiam e cristalizam. A partir disso, problematiza-se o sentido que a não adesão pode assumir, e é importante considerá-la como um sinal que pode revelar os percalços (e as possíveis resoluções) do contrato relacional entre paciente e equipe.