Anna Cristina Rodopiano de Carvalho Ribeiro, M. C. C. Marques
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Abstract
Resumo Assentado na interlocução entre os campos da História e da Saúde Coletiva e provocado pela historicidade do tempo presente, este artigo propõe avanços epistêmicos na discussão sobre o término das epidemias. Para tanto, se vale de operação historiográfica em vasto corpo documental, para apontar os impactos decorrentes da Gripe Espanhola de 1918 em Botucatu, cidade do interior paulista, na perspectiva do aprofundamento das desigualdades presentes nesta localidade nas décadas subsequentes à epidemia. Conclui apontando que, para além dos efeitos imediatos provocados pelo fenômeno epidêmico, ao arrefecer na dimensão biológica, a epidemia de Gripe Espanhola seguiu seu curso, alterando condicionantes sociais e culturais, bem como incidindo sobre estruturas sócio-históricas e em nossa corporeidade, tornando-se acontecimento histórico de longa duração. Desta forma, pode-se depreender que a compreensão das forças históricas que operam nos avanços e recuos em Saúde Coletiva podem alavancar enfrentamentos concretos às iniquidades, junto à retomada de um projeto civilizatório de transformação social no país, assentado na democracia, na justiça social e na defesa radical da vida.