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Abstract
Num contexto de globalizacao, a conciliacao da vida pessoal, familiar e profissional assume um papel preponderante na analise sobre a feminizacao das migracoes. Porem, o conhecimento das dinâmicas existentes nas familias imigrantes, especialmente, no modo como as mulheres imigrantes organizam as suas vidas familiares e quais as suas modalidades de acao em termos de conciliacao, e ainda insuficiente em Portugal (Marques e Gois, 2012). Neste sentido, a presente investigacao, de carater qualitativo e inserida no paradigma critico oferecido pelo construcionismo social e feminismo, tem como objetivo principal caracterizar e analisar as vivencias e os discursos de mulheres imigrantes acerca da conciliacao da vida pessoal, familiar e profissional. Para tal, a base empirica foi constituida por dez mulheres imigrantes de nacionalidade brasileira a residir no distrito de Braga. Partindo da metodologia de analise tematica, os resultados mostram um padrao regular e assimetrico das tarefas domesticas e dos cuidados as criancas, que coloca as mulheres imigrantes, no pais recetor, em situacoes de maior sobrecarga do que no pais de origem, pela ausencia de suporte familiar, financeiro e social. A maternidade e os cuidados com os/as filhos/as influenciam a vida profissional, onde a interrupcao ou abandono deste percurso e frequente. Na tentativa de responder aos dilemas da conciliacao, estas mulheres vao legitimando a sua submissao que culmina numa posicao normalizadora com as praticas assimetricas a que estao sujeitas, o que reforca o esquema da desigualdade. Assim, podemos concluir que o poder politico e economico do pais recetor acentua a feminizacao dos papeis tradicionais de genero onde configura uma desigual conquista das mulheres em relacao aos homens no espaco familiar e profissional.