Carlos Frederico Branco, M. A. Perondi, João Daniel Dorneles Ramos
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Abstract
Este artigo busca discutir a araucária e a sua floresta, a partir da cosmo-ontologia kaingang. Para tanto, a araucária é tratada como pessoa fág (araucária) e a floresta é compreendida a partir do território nen (floresta). A cosmovisão kaingang é orientada a partir de relações de trocas entre humanos e não humanos, produzindo territórios e corpos multiespécies. Essa simetria kaingang é colocada à prova com o contato com a cosmovisão ocidental/moderna produtora de monoculturas, a partir do século XIX. Contudo, foi justamente a identidade comum entre kaingang e araucária que permitiu que houvesse resistências ao desflorestamento da araucária (de nen e de fág) na Terra Indígena Mangueirinha (TIM), que está localizada no sudoeste paranaense, englobando os municípios de Chopinzinho, Coronel Vivida e Mangueirinha. Assim, as tentativas do estado brasileiro em sequestrar os seus territórios e os corpos das araucárias como mercadoria, em certo sentido, reatualizaram as práticas ancestrais kaingang em diferentes práticas de resistência.