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Abstract
Em situações nas quais construções históricas e acervos são danificados, as tecnologias digitais podem ser úteis no processo de reconstrução desse patrimônio. O engajamento dos públicos, em plataformas colaborativas, os processos de restauração digital de acervos, assim como a criação de experiências virtuais de museu, são possibilidades que se apresentam. A partir de tal perspectiva, este artigo é a continuidade de um estudo apresentado no IV ISKO Portugal-Espanha, em 2019, avançando na análise de estratégias digitais aplicadas ao patrimônio do Museu Nacional, pós-desastre. Leva-se em consideração que parte expressiva do acervo do museu, com cerca de 20 milhões de itens, foi afetada por um incêndio, ocorrido em setembro de 2018. Como metodologia, é adotada uma abordagem qualitativa de pesquisa, e o método do estudo de caso, envolvendo técnicas de observação não-participante, pesquisa bibliográfica e documental. São abordadas estratégias digitais que mobilizam os públicos em atividades de reconstrução de acervo, discutindo-se questões relacionadas à autoridade e curadoria informacional. Em relação às estratégias de reconstituição e restauração do acervo, é considerado um processo inovador de criação de réplicas digitais, que incorpora vestígios materiais dos artefatos resgatados. Estudam-se, também, estratégias expositivas virtuais como possibilidades de criação de experiências singulares de museu. Infere-se, portanto, que o processo de reconstrução do Museu Nacional envolve trocas com agentes e recursos do macroambiente. Considera-se, também, a dimensão temporal de mudança e variabilidade do patrimônio que integra a ele práticas discursivas e contextuais diversas, com o suporte das tecnologias digitais.