{"title":"DESCRIÇÃO: EFEITO DE REAL OU EFEITO DE IGUALDADE? UM DIÁLOGO DE RANCIÈRE COM (E CONTRA) BARTHES **","authors":"Daniela Cunha Blanco","doi":"10.1590/0100-512x2022n15303dcb","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"RESUMO Em “O fio perdido: ensaios sobre a ficção moderna”, Jacques Rancière criticará Roland Barthes, afirmando que sua interpretação do livro “Um coração simples”, de Gustave Flaubert, teria se mostrado incapaz de perceber a política da escrita da literatura romanesca. Para Thomas Clerc, leitor de Barthes, Rancière teria se deixado confundir pelo duplo caráter do pensamento barthesiano: ao mesmo tempo estruturalista e crítico. Ambos os autores, Barthes e Rancière, se empenham por recusar um pensamento pautado pela noção de representação. Nossa hipótese, porém, é a de que os autores divergem em relação ao próprio sentido da representação, tendo como consequência uma divergência também na compreensão da política, o que embasaria a crítica de Rancière a Barthes não como uma confusão, mas, antes, como uma recusa à política da escrita barthesiana. Pretendemos, com isso, reconstruir os argumentos de ambos em torno de Flaubert, para perceber a política da escrita que operam. Recusando o ponto de vista ao mesmo tempo estruturalista e desmistificador de ideologias de Barthes, Rancière aponta para outra leitura que vê na literatura romanesca a ruptura em relação à política da escrita do regime representativo e a configuração do regime estético.","PeriodicalId":52055,"journal":{"name":"Kriterion-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2000,"publicationDate":"2022-09-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Kriterion-Revista de Filosofia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/0100-512x2022n15303dcb","RegionNum":4,"RegionCategory":"哲学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"PHILOSOPHY","Score":null,"Total":0}
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Abstract
RESUMO Em “O fio perdido: ensaios sobre a ficção moderna”, Jacques Rancière criticará Roland Barthes, afirmando que sua interpretação do livro “Um coração simples”, de Gustave Flaubert, teria se mostrado incapaz de perceber a política da escrita da literatura romanesca. Para Thomas Clerc, leitor de Barthes, Rancière teria se deixado confundir pelo duplo caráter do pensamento barthesiano: ao mesmo tempo estruturalista e crítico. Ambos os autores, Barthes e Rancière, se empenham por recusar um pensamento pautado pela noção de representação. Nossa hipótese, porém, é a de que os autores divergem em relação ao próprio sentido da representação, tendo como consequência uma divergência também na compreensão da política, o que embasaria a crítica de Rancière a Barthes não como uma confusão, mas, antes, como uma recusa à política da escrita barthesiana. Pretendemos, com isso, reconstruir os argumentos de ambos em torno de Flaubert, para perceber a política da escrita que operam. Recusando o ponto de vista ao mesmo tempo estruturalista e desmistificador de ideologias de Barthes, Rancière aponta para outra leitura que vê na literatura romanesca a ruptura em relação à política da escrita do regime representativo e a configuração do regime estético.