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Abstract
Partindo de uma pesquisa etnográfica junto de um atelier de pintura que decorre numa instituição de apoio social e psiquiátrico, propõe-se uma reflexão sociológica em torno da noção de segredo. Sob orientação das sociologias pragmatistas e fenomenológicas, e enfocando o caso de um pintor abstrato, Bonifácio, entende-se o segredo como forma de sociação e experiência situada e relacional. Do estudo que se segue, perceber-se-á como a formação e manutenção do segredo assenta na relação que o pintor estabelece com as suas telas, abrindo para modalidades de subjetivação capacitantes que escasseiam na instituição. De um lado, o segredo é desencadeado pela relação de responsabilidade moral mantida entre o artista e a obra, desenhando-se assim um espaço de interioridade subjetiva, por outro lado, a tela é passível de usos táticos por parte do pintor, gerando um espaço intercalar que lhe permite acomodar a sua singularidade nas sociabilidades estabelecidas.