Por onde anda o Cronista?

Género com tradição na imprensa portuguesa, pouco se sabe de empiricamente sistemático acerca do espaço da crónica nas últimas décadas, quais as suas transformações e tendências, qual a relação entre as suas vertentes de opinião e de narração. Este artigo explora o seu trajeto em jornais de referência, através de uma análise longitudinal ao Diário de Lisboa e ao Público em que se analisa uma amostra de 378 textos publicados entre 1959 e 2019. A análise foca-se especialmente no polo narrativo, ou de relato, cujo interesse epistemológico se prende com as suas potencialidades ímpares dentro do jornalismo. Os resultados apontam para uma crescente codificação deste género e, apesar de uma frequente hibridação entre relato e comentário, uma hegemonia atual da opinião no terreno da crónica. Entre as crónicas da autoria de jornalistas, diminui a percentagem de textos dominados por um registo narrativo, assim como os relatos baseados na observação direta do quotidiano.