Anna Maria Wasyl, Cristiane Maria Rebello Nascimento
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Embora Petrarca quisesse se igualar a seus antigos predecessores em seus poemas latinos e tenha alcançado grande reconhecimento entre seus contemporâneos, a crítica literária tardia viu nesses escritos uma artificialidade linguística e uma erudição ostentatória. Os estudos atuais, contudo, enfatizam que este segmento particular das obras de Petrarca requer um olhar mais atento, do ponto de vista teorético e estético-literário, que foque especificamente na abordagem do autor em relação à questão da imitação, vendo na regra da imitatio antiquorum constitui o núcleo da sua reflexão meta-literária e historiosófica. Na poesia latina, Petrarca explora os modelos antigos canônicos, notavelmente Virgílio e Horácio. Porém, em seu opus magnum, Africa, o autor revela uma diversidade estilística e composicional: a Aeneid, de Virgílio, a épica imperial e tardo antiga, a prosa historiográfica e os comentários. A leitura e apropriação dos clássicos por Petrarca exclui, assim, uma imitação rígida de um único modelo, optando por uma inspiração de múltiplas fontes, em termo de conteúdo, composição e estilo.