Flávia Marina da Silva Lopes, Andressa López Maffini
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Relato de experiência: Esse resumo trata-se de um trabalho descritivo em forma de relato de experiência a partir da nossa atuação profissional e registros de atendimentos realizados como psicólogas residentes em um Setor de Urgência e Emergência de um Hospital Geral no sul do Brasil. Discussão: As provocações trazidas neste resumo tensionam os limites do que se entende por urgência e emergência em saúde, reconhecendo o sofrimento psíquico e outras condições de vulnerabilidade psicossocial como aspectos tão relevantes quanto o que se entende por “clínico” (leia-se orgânico). Frisamos que o tratamento com enfoque em atenção psicossocial visa a desospitalização e a desmedicalização, bem como a implicação subjetiva, que trata-se de descentralizar o sofrimento e tornar possível que o sujeito se reposicione diante da sua realidade, se reconhecendo nela especialmente como agente de possibilidades de mudança. Buscamos, portanto, expandir olhares para a saúde mental dentro de nossa realidade, colocando em foco a (falta de) políticas públicas do município, o Setor de Urgência e Emergência em Hospitais Gerais e a área psi. Percebemos que, independentemente da especificidade do caso que atendemos, nos deparamos com os impactos de medidas ultrapassadas no que se refere ao cuidado em saúde mental. Conclusão: Trazemos a reforma psiquiátrica e a construção de políticas públicas como caminho possível para executar novas perspectivas de atuação antimanicomiais. Por fim, concluímos que esse fazer crítico perpassa o cotidiano, para que possamos manter viva a sensibilidade e fabricarmos, coletivamente, novos arranjos para produzir saúde.","PeriodicalId":284695,"journal":{"name":"Anais do II Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Urgência e Emergência On-line","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"ATUAR EM ENCRUZILHADAS: O FAZER CRÍTICO DA PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE A UM CONTEXTO DE PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL ULTRAPASSADAS\",\"authors\":\"Flávia Marina da Silva Lopes, Andressa López Maffini\",\"doi\":\"10.51161/urgencicon2023/20613\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução: A saúde mental carrega um tensionamento histórico representado pelo manicômio, em que se construíram verdades sobre os corpos, classificando modos de existir no mundo e estabelecendo o normal e o patológico. 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Discussão: As provocações trazidas neste resumo tensionam os limites do que se entende por urgência e emergência em saúde, reconhecendo o sofrimento psíquico e outras condições de vulnerabilidade psicossocial como aspectos tão relevantes quanto o que se entende por “clínico” (leia-se orgânico). Frisamos que o tratamento com enfoque em atenção psicossocial visa a desospitalização e a desmedicalização, bem como a implicação subjetiva, que trata-se de descentralizar o sofrimento e tornar possível que o sujeito se reposicione diante da sua realidade, se reconhecendo nela especialmente como agente de possibilidades de mudança. Buscamos, portanto, expandir olhares para a saúde mental dentro de nossa realidade, colocando em foco a (falta de) políticas públicas do município, o Setor de Urgência e Emergência em Hospitais Gerais e a área psi. 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ATUAR EM ENCRUZILHADAS: O FAZER CRÍTICO DA PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE A UM CONTEXTO DE PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL ULTRAPASSADAS
Introdução: A saúde mental carrega um tensionamento histórico representado pelo manicômio, em que se construíram verdades sobre os corpos, classificando modos de existir no mundo e estabelecendo o normal e o patológico. Com a Reforma Psiquiátrica, tivemos conquistas relevantes na formulação de políticas públicas que preconizam serviços substitutivos e cuidado em liberdade. Apesar disto, vivemos em retrocesso no que tange a aplicabilidade das leis e lidamos cotidianamente com esse modelo manicomial de enxergar a saúde. Frente a esse cenário, temos como objetivo descrever as nossas principais demandas e intervenções, bem como problematizar as implicações éticas decorrentes da lógica de funcionamento dos serviços de atenção à saúde mental. Relato de experiência: Esse resumo trata-se de um trabalho descritivo em forma de relato de experiência a partir da nossa atuação profissional e registros de atendimentos realizados como psicólogas residentes em um Setor de Urgência e Emergência de um Hospital Geral no sul do Brasil. Discussão: As provocações trazidas neste resumo tensionam os limites do que se entende por urgência e emergência em saúde, reconhecendo o sofrimento psíquico e outras condições de vulnerabilidade psicossocial como aspectos tão relevantes quanto o que se entende por “clínico” (leia-se orgânico). Frisamos que o tratamento com enfoque em atenção psicossocial visa a desospitalização e a desmedicalização, bem como a implicação subjetiva, que trata-se de descentralizar o sofrimento e tornar possível que o sujeito se reposicione diante da sua realidade, se reconhecendo nela especialmente como agente de possibilidades de mudança. Buscamos, portanto, expandir olhares para a saúde mental dentro de nossa realidade, colocando em foco a (falta de) políticas públicas do município, o Setor de Urgência e Emergência em Hospitais Gerais e a área psi. Percebemos que, independentemente da especificidade do caso que atendemos, nos deparamos com os impactos de medidas ultrapassadas no que se refere ao cuidado em saúde mental. Conclusão: Trazemos a reforma psiquiátrica e a construção de políticas públicas como caminho possível para executar novas perspectivas de atuação antimanicomiais. Por fim, concluímos que esse fazer crítico perpassa o cotidiano, para que possamos manter viva a sensibilidade e fabricarmos, coletivamente, novos arranjos para produzir saúde.