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No período que antecedeu a crise financeira mundial de 2008 todos os agentes econômicos centrais envolvidos na crise negaram com todas as forças – teóricas, midiáticas e políticas – a realidade concreta da crise que produziam. No entanto, algumas vozes, desde o final dos anos 1990, apontavam com força e precisão a iminência de uma crise recessiva que teria impacto global. Os agentes que recusavam a realidade da crise assim a aprofundaram, e a história funcionou aqui como paradoxo, operando um mecanismo de defesa típica da perversão, a recusa da realidade do que não era o impulso imaginário e simbólico do objeto fetiche. A gestão do grande mercado da economia mundial passa a necessitar de um processo de análise inconsciente, pois, como dizia Marx, “eles não sabem o que fazem, mas o fazem assim mesmo”.