第27卷第1节

Revista Completa
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O evento contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP) e teve como objetivo corroborar para a finalidade primeira de um programa de pós-graduação, qual seja, a permanente formação de recursos humanos e, ao mesmo tempo, contribuir, por meio da produção e socialização do conhecimento, para os processos de desenvolvimento da Região Amazônica. Desta perspectiva resultou como tema: Fronteiras Contemporâneas: desenvolvimento, conflitos e sociabilidades nas Amazônias, aglutinando o debate em torno de categorias complexas como desenvolvimento e fronteiras requerendo, necessariamente, um debate interdisciplinar. \nParticiparam desse debate professores, pesquisadores, estudantes de programas de pós-graduação de várias regiões do Brasil e de outros países. Na ocasião, foram expostos trabalhos de altíssimo nível resultantes de pesquisas completas ou em andamento nas diversas áreas de conhecimento em nível de graduação, mestrado, doutorado, além de excelentes relatórios de estágios pós-doutorais. No presente dossiê reunimos alguns desses trabalhos completos para uma publicação específica. Os demais textos, não menos importantes, serão publicados nos ANAIS do evento, disponível no site www.ufrr.br/ppgsof. \nDesta forma, este Dossiê Sociedade e Fronteiras com a temática Fronteiras Contemporâneas: desenvolvimento, conflitos e sociabilidades nas Amazônias, tem como objetivo socializar parte da produção cientifica acadêmica apresentada e debatida por professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação no II Seminário Internacional e, assim, difundir no âmbito institucional e nas sociedades regional, nacional e global as pesquisas e estudos sobre as Amazônias. Portanto, este II Dossiê cumpre com o papel de corroborar para a consolidação do Programa de Pós-graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) como um importante espaço de produção e difusão do conhecimento sobre as Amazônias. \nEntre os temas relevantes para se pensar e entender a Amazônia encontra-se o debate sobre o Pensamento Social Brasileiro na Amazônia, que abre este dossiê com o ensaio de Ernesto Renan Melo de Freitas, brilhantemente apresentado e defendido em mesa-redonda do mesmo tema. Nesse ensaio de abertura o autor nos convida a empreender um trabalho de investigação capaz de desvelar no campo fértil do senso comum e das concepções primordiais e ordinárias, os germes e as raízes das ideias que vão dar forma ao pensamento que um povo constrói sobre si mesmo tendo como ponto de partida a Amazônia, e sua contribuição à formação do Pensamento Social. \nO segundo texto, de autoria de Nelson Matos de Noronha, intitulado Encontros e desencontros das Ciências Humanas e da Filosofia, destaca os problemas, os desafios e as relações que as Ciências Humanas e a Filosofia ensejam na configuração do saber contemporâneo. O referido autor faz este debate mediante referências às obras de Merleau-Ponty, Lévi-Strauss e Foucault, como herdeiros e críticos de Kant. Para encerrar este primeiro bloco, temos o texto Leandro Tocantins e a Amazonotropicologia, de Odenei de Souza Ribeiro, que nos instiga a revisitar a obra de Leandro Tocantins na perspectiva da amazonotropicologia, como caminho e possibilidade de interpretação de nossas origens amazônidas. A intenção de Tocantins, segundo Odenei Ribeiro, é interpretar a Amazônia através do critério não só regional e ecológico como também transregional. Assim, o texto aponta a percepção de Tocantins sobre a vida na Amazônia, que exige dos campos de conhecimento, pesquisas, estudos, experimentos dentro de critérios socioecológicos e antropológicos, baseado na organização social e no meio físico tropical. A grande contribuição deste texto é recordar que a realidade socioecológica da Amazônia requer a construção de um novo campo do saber que não é tarefa de um homem isolado, tampouco de uma área específica do conhecimento. \nO segundo bloco de textos que se segue aborda os diversos aspectos e concepções de fronteiras. Os textos permitem que percebamos com clareza que o conceito de fronteira ultrapassa os traços cartográficos dos Estados Nacionais, uma vez que as fronteiras podem ser soerguidas em função da diversidade de línguas, de etnias, de imaginários coletivos. O texto do professor doutor Mario Valero Martínez, da Universidad de los Andes, na Venezuela, intitulado Fronteras, Territorio e Identidades apresenta uma síntese da inter-relação entre fronteiras, território e identidade, nas relações transfronteiriças entre a Venezuela e a Colômbia, ampliando a ideia da Pan-Amazônia. \nExistem mesmo territórios que não compartilham a floresta tropical amazônica, como é o caso das savanas, dos cerrados, das bordas litorâneas caribenhas, mas que são compreendidos dentro das fronteiras simbólicas amazônicas em virtude de traços identitários comuns. Assim, o texto intitulado A construção de uma cultura de fronteira no espaço transfronteiriço do Brasil e da Guiana, de autoria de Antônio Vaz de Meneses e Francilene dos Santos Rodrigues, aborda as dinâmicas das trocas culturais entre os habitantes da cidade brasileira de Bonfim e da cidade de Lethem, pertencente à República da Guiana. Os autores compreendem essa transfronteira como um espaço de múltiplas culturas e, consequentemente, lugar de contatos, trocas, negociações e ressignificação de elementos culturais. Para as populações desse espaço transfronteiriço as noções de espaço e nacionalidade muitas vezes são tão abstratas quanto a ideia da existência de uma linha demarcatória que os separa do outro país. Sendo assim, os autores trabalham com noção de fronteira não como algo que divide, mas em sua dimensão de lugar de trânsito, de passagem, de comunicação, enfim de práticas transfronteiriças que implicam empréstimos culturais e trocas simbólicas. \nSeguindo a abordagem das cidades como lugares de memória e de pertencimento, temos o texto intitulado Paranã (TO): uma cidade fronteira nos caminhos fluviais do cerrado, de autoria de Maria de Fátima Oliveira. Trata-se de um estudo no qual a autora amplia o conceito de fronteiras tendo como base a experiência dos moradores da cidade de Paranã (antiga São João da Palma), município brasileiro do Estado do Tocantins, localizada às margens dos rios Palma e Paranã, dois importantes afluentes do rio Tocantins. Sua história está intimamente ligada aos rios que se apresentam como meio de comunicação de fundamental importância e representam as fronteiras interligadas e interconectadas. \nNo texto intitulado Globalización, territorio e identidad desde una perspectiva de los pueblos indígenas as autoras, Alina Maria Celarié Iglesias e Carla Monteiro de Souza, abordam a identidade dos povos indígenas a partir da compreensão do território enquanto constructo social e cultural. O estudo se baseia numa revisão geral dos conceitos de globalização, território e identidade predominantes na visão analítica e histórica das lutas e conquistas dos povos indígenas em suas novas formas de reafirmação de direitos étnicos e territoriais. \nNa sequência dos trabalhos encontra-se o texto Religiosidade muçulmana, história e alteridade: dinâmicas identitárias na fronteira Brasil-Venezuela, de Jakson Hansen Marques. Como profundo conhecedor da temática, o autor discorre sobre o islamismo ressaltando que essa religiosidade se relaciona com questões como identidade e etnicidade, especificamente com imigrantes árabes muçulmanos e seus descendentes que resi dem em Santa Elena de Uairen, município de Gran Sabana, Venezuela, na fronteira com o Brasil e o Estado de Roraima. Para esse autor é importante estudar as famílias ou indivíduos muçulmanos que migraram de seus países para a América Latina, e especificamente indivíduos que hoje moram em região de fronteira, num contexto onde se apresenta uma intensa dinamicidade de produção de identidades e diferenças, e que tem na sua formação religiosa o seu discurso identitário. Por fim, a religião mulçumana se apresenta como um componente de referência para o sentimento de pertença na Pan-Amazônia. \nNo terceiro bloco reunimos os textos referentes aos estudos e pesquisas sobre mobilidade humana na Pan-Amazônia. A pesquisadora Márcia Maria de Oliveira abre essa sessão com o texto sobre os Desafios e perspectivas da mobilidade humana na Amazônia contemporânea. A autora aborda, de forma breve, as principais dinâmicas migratórias observadas na Amazônia na última década e a sua importância para a compreensão dos processos de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da região. Tais mudanças se fazem notar em todos os setores da sociedade a ponto de ser quase impossível pensar a Amazônia sem levar em consideração as migrações internas e internacionais que conferem à região uma mobilidade humana intensa. \nO texto intitulado Nos caminhos da experiência intercultural: um estudo sobre a mobilidade estudantil internacional, de Luciana de Oliveira Dias e Deyvid Santos Morais, apresenta alguns recortes de uma pesquisa realizada com estudantes de graduação retornados de mobilidade estudantil internacional. Os autores buscam compreender em que medida esses programas refletem nas bases de significação de uma vivência intercultural dos estudantes mobilizados. 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O evento contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP) e teve como objetivo corroborar para a finalidade primeira de um programa de pós-graduação, qual seja, a permanente formação de recursos humanos e, ao mesmo tempo, contribuir, por meio da produção e socialização do conhecimento, para os processos de desenvolvimento da Região Amazônica. Desta perspectiva resultou como tema: Fronteiras Contemporâneas: desenvolvimento, conflitos e sociabilidades nas Amazônias, aglutinando o debate em torno de categorias complexas como desenvolvimento e fronteiras requerendo, necessariamente, um debate interdisciplinar. \\nParticiparam desse debate professores, pesquisadores, estudantes de programas de pós-graduação de várias regiões do Brasil e de outros países. 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Portanto, este II Dossiê cumpre com o papel de corroborar para a consolidação do Programa de Pós-graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) como um importante espaço de produção e difusão do conhecimento sobre as Amazônias. \\nEntre os temas relevantes para se pensar e entender a Amazônia encontra-se o debate sobre o Pensamento Social Brasileiro na Amazônia, que abre este dossiê com o ensaio de Ernesto Renan Melo de Freitas, brilhantemente apresentado e defendido em mesa-redonda do mesmo tema. Nesse ensaio de abertura o autor nos convida a empreender um trabalho de investigação capaz de desvelar no campo fértil do senso comum e das concepções primordiais e ordinárias, os germes e as raízes das ideias que vão dar forma ao pensamento que um povo constrói sobre si mesmo tendo como ponto de partida a Amazônia, e sua contribuição à formação do Pensamento Social. \\nO segundo texto, de autoria de Nelson Matos de Noronha, intitulado Encontros e desencontros das Ciências Humanas e da Filosofia, destaca os problemas, os desafios e as relações que as Ciências Humanas e a Filosofia ensejam na configuração do saber contemporâneo. O referido autor faz este debate mediante referências às obras de Merleau-Ponty, Lévi-Strauss e Foucault, como herdeiros e críticos de Kant. Para encerrar este primeiro bloco, temos o texto Leandro Tocantins e a Amazonotropicologia, de Odenei de Souza Ribeiro, que nos instiga a revisitar a obra de Leandro Tocantins na perspectiva da amazonotropicologia, como caminho e possibilidade de interpretação de nossas origens amazônidas. A intenção de Tocantins, segundo Odenei Ribeiro, é interpretar a Amazônia através do critério não só regional e ecológico como também transregional. Assim, o texto aponta a percepção de Tocantins sobre a vida na Amazônia, que exige dos campos de conhecimento, pesquisas, estudos, experimentos dentro de critérios socioecológicos e antropológicos, baseado na organização social e no meio físico tropical. 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O texto do professor doutor Mario Valero Martínez, da Universidad de los Andes, na Venezuela, intitulado Fronteras, Territorio e Identidades apresenta uma síntese da inter-relação entre fronteiras, território e identidade, nas relações transfronteiriças entre a Venezuela e a Colômbia, ampliando a ideia da Pan-Amazônia. \\nExistem mesmo territórios que não compartilham a floresta tropical amazônica, como é o caso das savanas, dos cerrados, das bordas litorâneas caribenhas, mas que são compreendidos dentro das fronteiras simbólicas amazônicas em virtude de traços identitários comuns. Assim, o texto intitulado A construção de uma cultura de fronteira no espaço transfronteiriço do Brasil e da Guiana, de autoria de Antônio Vaz de Meneses e Francilene dos Santos Rodrigues, aborda as dinâmicas das trocas culturais entre os habitantes da cidade brasileira de Bonfim e da cidade de Lethem, pertencente à República da Guiana. Os autores compreendem essa transfronteira como um espaço de múltiplas culturas e, consequentemente, lugar de contatos, trocas, negociações e ressignificação de elementos culturais. Para as populações desse espaço transfronteiriço as noções de espaço e nacionalidade muitas vezes são tão abstratas quanto a ideia da existência de uma linha demarcatória que os separa do outro país. Sendo assim, os autores trabalham com noção de fronteira não como algo que divide, mas em sua dimensão de lugar de trânsito, de passagem, de comunicação, enfim de práticas transfronteiriças que implicam empréstimos culturais e trocas simbólicas. \\nSeguindo a abordagem das cidades como lugares de memória e de pertencimento, temos o texto intitulado Paranã (TO): uma cidade fronteira nos caminhos fluviais do cerrado, de autoria de Maria de Fátima Oliveira. 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Para esse autor é importante estudar as famílias ou indivíduos muçulmanos que migraram de seus países para a América Latina, e especificamente indivíduos que hoje moram em região de fronteira, num contexto onde se apresenta uma intensa dinamicidade de produção de identidades e diferenças, e que tem na sua formação religiosa o seu discurso identitário. Por fim, a religião mulçumana se apresenta como um componente de referência para o sentimento de pertença na Pan-Amazônia. \\nNo terceiro bloco reunimos os textos referentes aos estudos e pesquisas sobre mobilidade humana na Pan-Amazônia. A pesquisadora Márcia Maria de Oliveira abre essa sessão com o texto sobre os Desafios e perspectivas da mobilidade humana na Amazônia contemporânea. A autora aborda, de forma breve, as principais dinâmicas migratórias observadas na Amazônia na última década e a sua importância para a compreensão dos processos de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da região. Tais mudanças se fazem notar em todos os setores da sociedade a ponto de ser quase impossível pensar a Amazônia sem levar em consideração as migrações internas e internacionais que conferem à região uma mobilidade humana intensa. \\nO texto intitulado Nos caminhos da experiência intercultural: um estudo sobre a mobilidade estudantil internacional, de Luciana de Oliveira Dias e Deyvid Santos Morais, apresenta alguns recortes de uma pesquisa realizada com estudantes de graduação retornados de mobilidade estudantil internacional. Os autores buscam compreender em que medida esses programas refletem nas bases de significação de uma vivência intercultural dos estudantes mobilizados. 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摘要

通过与目的地国家与其他高等教育机构学生建立的差异和相互关系的对话,以及家庭关系的距离,学生指出了共同的经验
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Textos e Debates n°27 v.1
O presente dossiê, o segundo publicado pela revista Textos & Debates, representa uma coletânea de temas debatidos no II Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras (SISOF), realizado no âmbito do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF), da Universidade Federal de Roraima (UFRR), juntamente com o 4° Encontro da Região Norte da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), e a II Semana de Humanidades (CCH/UFRR), transcorridos no período de 11 a 14 de novembro de 2014. O evento contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP) e teve como objetivo corroborar para a finalidade primeira de um programa de pós-graduação, qual seja, a permanente formação de recursos humanos e, ao mesmo tempo, contribuir, por meio da produção e socialização do conhecimento, para os processos de desenvolvimento da Região Amazônica. Desta perspectiva resultou como tema: Fronteiras Contemporâneas: desenvolvimento, conflitos e sociabilidades nas Amazônias, aglutinando o debate em torno de categorias complexas como desenvolvimento e fronteiras requerendo, necessariamente, um debate interdisciplinar. Participaram desse debate professores, pesquisadores, estudantes de programas de pós-graduação de várias regiões do Brasil e de outros países. Na ocasião, foram expostos trabalhos de altíssimo nível resultantes de pesquisas completas ou em andamento nas diversas áreas de conhecimento em nível de graduação, mestrado, doutorado, além de excelentes relatórios de estágios pós-doutorais. No presente dossiê reunimos alguns desses trabalhos completos para uma publicação específica. Os demais textos, não menos importantes, serão publicados nos ANAIS do evento, disponível no site www.ufrr.br/ppgsof. 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Nesse ensaio de abertura o autor nos convida a empreender um trabalho de investigação capaz de desvelar no campo fértil do senso comum e das concepções primordiais e ordinárias, os germes e as raízes das ideias que vão dar forma ao pensamento que um povo constrói sobre si mesmo tendo como ponto de partida a Amazônia, e sua contribuição à formação do Pensamento Social. O segundo texto, de autoria de Nelson Matos de Noronha, intitulado Encontros e desencontros das Ciências Humanas e da Filosofia, destaca os problemas, os desafios e as relações que as Ciências Humanas e a Filosofia ensejam na configuração do saber contemporâneo. O referido autor faz este debate mediante referências às obras de Merleau-Ponty, Lévi-Strauss e Foucault, como herdeiros e críticos de Kant. Para encerrar este primeiro bloco, temos o texto Leandro Tocantins e a Amazonotropicologia, de Odenei de Souza Ribeiro, que nos instiga a revisitar a obra de Leandro Tocantins na perspectiva da amazonotropicologia, como caminho e possibilidade de interpretação de nossas origens amazônidas. A intenção de Tocantins, segundo Odenei Ribeiro, é interpretar a Amazônia através do critério não só regional e ecológico como também transregional. Assim, o texto aponta a percepção de Tocantins sobre a vida na Amazônia, que exige dos campos de conhecimento, pesquisas, estudos, experimentos dentro de critérios socioecológicos e antropológicos, baseado na organização social e no meio físico tropical. A grande contribuição deste texto é recordar que a realidade socioecológica da Amazônia requer a construção de um novo campo do saber que não é tarefa de um homem isolado, tampouco de uma área específica do conhecimento. O segundo bloco de textos que se segue aborda os diversos aspectos e concepções de fronteiras. Os textos permitem que percebamos com clareza que o conceito de fronteira ultrapassa os traços cartográficos dos Estados Nacionais, uma vez que as fronteiras podem ser soerguidas em função da diversidade de línguas, de etnias, de imaginários coletivos. O texto do professor doutor Mario Valero Martínez, da Universidad de los Andes, na Venezuela, intitulado Fronteras, Territorio e Identidades apresenta uma síntese da inter-relação entre fronteiras, território e identidade, nas relações transfronteiriças entre a Venezuela e a Colômbia, ampliando a ideia da Pan-Amazônia. Existem mesmo territórios que não compartilham a floresta tropical amazônica, como é o caso das savanas, dos cerrados, das bordas litorâneas caribenhas, mas que são compreendidos dentro das fronteiras simbólicas amazônicas em virtude de traços identitários comuns. Assim, o texto intitulado A construção de uma cultura de fronteira no espaço transfronteiriço do Brasil e da Guiana, de autoria de Antônio Vaz de Meneses e Francilene dos Santos Rodrigues, aborda as dinâmicas das trocas culturais entre os habitantes da cidade brasileira de Bonfim e da cidade de Lethem, pertencente à República da Guiana. Os autores compreendem essa transfronteira como um espaço de múltiplas culturas e, consequentemente, lugar de contatos, trocas, negociações e ressignificação de elementos culturais. Para as populações desse espaço transfronteiriço as noções de espaço e nacionalidade muitas vezes são tão abstratas quanto a ideia da existência de uma linha demarcatória que os separa do outro país. Sendo assim, os autores trabalham com noção de fronteira não como algo que divide, mas em sua dimensão de lugar de trânsito, de passagem, de comunicação, enfim de práticas transfronteiriças que implicam empréstimos culturais e trocas simbólicas. Seguindo a abordagem das cidades como lugares de memória e de pertencimento, temos o texto intitulado Paranã (TO): uma cidade fronteira nos caminhos fluviais do cerrado, de autoria de Maria de Fátima Oliveira. Trata-se de um estudo no qual a autora amplia o conceito de fronteiras tendo como base a experiência dos moradores da cidade de Paranã (antiga São João da Palma), município brasileiro do Estado do Tocantins, localizada às margens dos rios Palma e Paranã, dois importantes afluentes do rio Tocantins. Sua história está intimamente ligada aos rios que se apresentam como meio de comunicação de fundamental importância e representam as fronteiras interligadas e interconectadas. No texto intitulado Globalización, territorio e identidad desde una perspectiva de los pueblos indígenas as autoras, Alina Maria Celarié Iglesias e Carla Monteiro de Souza, abordam a identidade dos povos indígenas a partir da compreensão do território enquanto constructo social e cultural. 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Para esse autor é importante estudar as famílias ou indivíduos muçulmanos que migraram de seus países para a América Latina, e especificamente indivíduos que hoje moram em região de fronteira, num contexto onde se apresenta uma intensa dinamicidade de produção de identidades e diferenças, e que tem na sua formação religiosa o seu discurso identitário. Por fim, a religião mulçumana se apresenta como um componente de referência para o sentimento de pertença na Pan-Amazônia. No terceiro bloco reunimos os textos referentes aos estudos e pesquisas sobre mobilidade humana na Pan-Amazônia. A pesquisadora Márcia Maria de Oliveira abre essa sessão com o texto sobre os Desafios e perspectivas da mobilidade humana na Amazônia contemporânea. A autora aborda, de forma breve, as principais dinâmicas migratórias observadas na Amazônia na última década e a sua importância para a compreensão dos processos de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da região. Tais mudanças se fazem notar em todos os setores da sociedade a ponto de ser quase impossível pensar a Amazônia sem levar em consideração as migrações internas e internacionais que conferem à região uma mobilidade humana intensa. O texto intitulado Nos caminhos da experiência intercultural: um estudo sobre a mobilidade estudantil internacional, de Luciana de Oliveira Dias e Deyvid Santos Morais, apresenta alguns recortes de uma pesquisa realizada com estudantes de graduação retornados de mobilidade estudantil internacional. Os autores buscam compreender em que medida esses programas refletem nas bases de significação de uma vivência intercultural dos estudantes mobilizados. A partir do diálogo com as diferenças e as inter-relações estabelecidas nos países de destino com alunos de outras instituições de ensino superior e o distanciamento das relações familiares, os estudantes apontam a experiência co
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