{"title":"宗教","authors":"P. Nogueira","doi":"10.24220/2447-6803v48a2023e9617","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo pretende contribuir para a discussão sobre o conceito de religião abordando não o que religião seria, mas o que a religião faz, ou seja, sobre seu poder de versar sobre o mundo. O texto religioso (texto compreendido de forma ampla) articula o mundo para além e em oposição ao senso comum, por meio de articulações híbridas (de vários códigos) e complexas, tendendo à polissemia. Trata-se de linguagem do excesso. No entanto, os sujeitos e as comunidades religiosas resistem à arbitrariedade dos signos que compõem seus textos. Afinal, neles se trata de intervenções no mundo, que só são possíveis devido à configuração desses textos. Nada neles é gratuito. Isso também se deve ao fato de que religião não se propõe a apenas a produzir sentido, mas se aplica igualmente à “produção de presença”. Trata-se da conexão promovida pelos textos religiosos entre agentes humanos e os metahumanos, incluindo aí as divindades, os agentes espirituais e ancestrais, mas também objetos, animais e espaços. Este tipo de religiosidade promove conectividade entre os mais diversos agentes, subvertendo classificações convencionais, num total descentramento do humano. Desta forma, entendemos que o estudo dessa textualidade complexa e híbrida, com poder mágico de conectar agentes de diversas ordens, deve ser prioritário para o estudo das religiosidades latino-americanas contemporâneas, incluindo suas vertentes sincréticas das periferias dos centros urbanos.","PeriodicalId":499934,"journal":{"name":"Reflexão","volume":"28 24","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-12-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"4","resultStr":"{\"title\":\"Religião\",\"authors\":\"P. Nogueira\",\"doi\":\"10.24220/2447-6803v48a2023e9617\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Este artigo pretende contribuir para a discussão sobre o conceito de religião abordando não o que religião seria, mas o que a religião faz, ou seja, sobre seu poder de versar sobre o mundo. O texto religioso (texto compreendido de forma ampla) articula o mundo para além e em oposição ao senso comum, por meio de articulações híbridas (de vários códigos) e complexas, tendendo à polissemia. Trata-se de linguagem do excesso. No entanto, os sujeitos e as comunidades religiosas resistem à arbitrariedade dos signos que compõem seus textos. Afinal, neles se trata de intervenções no mundo, que só são possíveis devido à configuração desses textos. Nada neles é gratuito. Isso também se deve ao fato de que religião não se propõe a apenas a produzir sentido, mas se aplica igualmente à “produção de presença”. Trata-se da conexão promovida pelos textos religiosos entre agentes humanos e os metahumanos, incluindo aí as divindades, os agentes espirituais e ancestrais, mas também objetos, animais e espaços. Este tipo de religiosidade promove conectividade entre os mais diversos agentes, subvertendo classificações convencionais, num total descentramento do humano. Desta forma, entendemos que o estudo dessa textualidade complexa e híbrida, com poder mágico de conectar agentes de diversas ordens, deve ser prioritário para o estudo das religiosidades latino-americanas contemporâneas, incluindo suas vertentes sincréticas das periferias dos centros urbanos.\",\"PeriodicalId\":499934,\"journal\":{\"name\":\"Reflexão\",\"volume\":\"28 24\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-12-04\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"4\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Reflexão\",\"FirstCategoryId\":\"0\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.24220/2447-6803v48a2023e9617\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Reflexão","FirstCategoryId":"0","ListUrlMain":"https://doi.org/10.24220/2447-6803v48a2023e9617","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Este artigo pretende contribuir para a discussão sobre o conceito de religião abordando não o que religião seria, mas o que a religião faz, ou seja, sobre seu poder de versar sobre o mundo. O texto religioso (texto compreendido de forma ampla) articula o mundo para além e em oposição ao senso comum, por meio de articulações híbridas (de vários códigos) e complexas, tendendo à polissemia. Trata-se de linguagem do excesso. No entanto, os sujeitos e as comunidades religiosas resistem à arbitrariedade dos signos que compõem seus textos. Afinal, neles se trata de intervenções no mundo, que só são possíveis devido à configuração desses textos. Nada neles é gratuito. Isso também se deve ao fato de que religião não se propõe a apenas a produzir sentido, mas se aplica igualmente à “produção de presença”. Trata-se da conexão promovida pelos textos religiosos entre agentes humanos e os metahumanos, incluindo aí as divindades, os agentes espirituais e ancestrais, mas também objetos, animais e espaços. Este tipo de religiosidade promove conectividade entre os mais diversos agentes, subvertendo classificações convencionais, num total descentramento do humano. Desta forma, entendemos que o estudo dessa textualidade complexa e híbrida, com poder mágico de conectar agentes de diversas ordens, deve ser prioritário para o estudo das religiosidades latino-americanas contemporâneas, incluindo suas vertentes sincréticas das periferias dos centros urbanos.