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摘要
本文讨论了两首国歌(《共和国宣言》(1889 年)和《Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense》(1989 年))音乐中的信仰宣誓。事实上,我们的目的首先是对两首充满巴西文化和特性的歌词进行解读,换句话说,是对两场构建和表达国家的运动进行解读,第一场是对共和国及其美化和消除巴西黑人奴隶制灾难性痕迹的计划进行解读,第二场是对国歌以及在《黄金法案》签署一百周年之际黑人与桑巴舞(不幸的是,是白色的)的明显重新共存进行解读。基于这种最初的辩证关系,参与并赢得 1988 年里约狂欢节的前三个桑巴舞团也被纳入了批评工作:维拉-伊莎贝尔、曼盖拉和贝哈-弗洛尔。根据对书目叙述的回顾,这些官方和边缘的文学-音乐显然不仅仅是主观性的表达,它们成了对巴西黑人奴隶历史的反应的收集、记录和解释,通过这种方式,通过歌词和音乐的口头诗歌以及文化都在共和国官方国歌的庆祝活动和里约学校的桑巴舞会的人民庆祝活动的边缘中得到了模仿。因此,在记忆、历史和遗忘之间,目的是讨论在巴西共和国和里约桑巴舞的背景下黑人生存、反抗和重新生存的见证。
“NÓS NEM CREMOS QUE ESCRAVOS OUTRORA TENHA HAVIDO EM TÃO NOBRE PAÍS”
Este artigo apresenta uma discussão sobre a profissão de fé da litemusicalidade de dois hinos, a saber: o da Proclamação da República (1889), e do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (1989). O objetivo é, de fato, propor uma interpretação, a princípio, de duas letras repletas de cultura e identidade brasileira, ou seja, dois movimentos de construção e expressão do Nacional, o primeiro, da República e seu projeto de embranquecimento e apagamento dos rastros funestos da escravidão negra brasileira, e o segundo, sobre o hino enredo e a aparente reexistência negra no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea com o samba enredo, infelizmente, de chapa branca. E a partir dessa relação dialética inicial, incorporam-se também ao exercício crítico, os três primeiros sambas enredos engajados e campeões do carnaval carioca de 1988: Vila Isabel, Mangueira e Beija Flor. A partir de uma revisão de narrativa bibliográfica, destaca-se, então, que essas literomusicalidades apontadas, oficial e marginal, são mais que expressões de subjetividades, elas se tornam em acervos, registros e interpretações das reações à história negra escravizada brasileira, e dessa maneira, tanto a poesia oral através da letra e música, quanto à cultura, estão mimetizadas na festa do hino oficial da República e das frestas da festa do povo nos sambas enredos das Escolas cariocas. Portanto, entre memória, história e esquecimento objetiva-se discutir o testemunho da existência, resistência e reexistência negra no contrapelo da República brasileira e do samba carioca.