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As dissidências de gênero materializam uma subversão pós-moderna dos termos da identidade e da identificação, as quais ganham uma conotação simbólica dado o lugar fulcral do identitarismo no laço contemporâneo, devendo ser lidas como formas autênticas de conhecimento. O objetivo deste artigo é problematizar a concepção do eu em psicanálise a partir do que aprendemos com as transidentidades. Para tanto, 1) faz-se uma leitura da identidade à guisa da descrição freudiana do eu e de sua releitura lacaniana; 2) aborda-se a escrita química de Preciado, bem como o caráter simbólico de seus usos do corpo e da testosterona no laço contemporâneo; 3) diferencia-se transgeneridade e transidentidade, defendendo-se o uso do segundo termo. O referencial teórico deste artigo, que resulta de um levantamento e análise bibliográficos partindo do binômio corpo e transidentidade, é a teoria psicanalítica que afirma o eu como projeção de superfície e a experiência de Preciado em Testo Junkie. Consideramos o descompasso estrutural entre corpo e imagem enquanto oportunidade de modelagem de novos significados e apropriações do corpo, partindo da singularidade dos processos identificatórios e para além da fixação derradeira em uma identidade, tal como nos demonstra o filósofo. Por fim, sustentamos o legado ético do psicanalista no testemunho das novas montagens corporais.