{"title":"本土诗学作为反抗:为当代巴西文学打开一扇窗户","authors":"Ana Carolina Cernicchiaro","doi":"10.19177/rcc.v15e1202069-81","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Há 500 anos, os povos indígenas r(existem) em sua pluralidade. Contra a guerra unificadora do Estado, a abertura ao múltiplo. De um lado dessa guerra, impondo uma língua única, está a pátria e sua “língua paterna”; do outro, a língua materna dos povos plurais, língua-mátria, língua-terra, língua com a qual se tem uma relação de afeto, e não de comando; de pertencimento, e não de propriedade; de cuidado, e não de mercadoria. Não se trata, no entanto, apenas de preservar a língua materna, a resistência também se faz no devir-menor que ela realiza na língua maior. Um devir que desvia a língua paterna de seus propósitos estatais homogeneizadores, de sua violência excludente. A agência da literatura ameríndia, como uma rasgadura em nossa história cultural, coloca nosso etnocentrismo e antropocentrismo em questão, abertura de nosso mundo tão fechado em si mesmo para outros mundos.","PeriodicalId":55625,"journal":{"name":"Revista Critica Cultural","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2020-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A poética indígena como resistência: por uma abertura na literatura brasileira contemporânea\",\"authors\":\"Ana Carolina Cernicchiaro\",\"doi\":\"10.19177/rcc.v15e1202069-81\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Há 500 anos, os povos indígenas r(existem) em sua pluralidade. Contra a guerra unificadora do Estado, a abertura ao múltiplo. De um lado dessa guerra, impondo uma língua única, está a pátria e sua “língua paterna”; do outro, a língua materna dos povos plurais, língua-mátria, língua-terra, língua com a qual se tem uma relação de afeto, e não de comando; de pertencimento, e não de propriedade; de cuidado, e não de mercadoria. Não se trata, no entanto, apenas de preservar a língua materna, a resistência também se faz no devir-menor que ela realiza na língua maior. Um devir que desvia a língua paterna de seus propósitos estatais homogeneizadores, de sua violência excludente. A agência da literatura ameríndia, como uma rasgadura em nossa história cultural, coloca nosso etnocentrismo e antropocentrismo em questão, abertura de nosso mundo tão fechado em si mesmo para outros mundos.\",\"PeriodicalId\":55625,\"journal\":{\"name\":\"Revista Critica Cultural\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2020-06-30\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Critica Cultural\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.19177/rcc.v15e1202069-81\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"LITERARY THEORY & CRITICISM\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Critica Cultural","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.19177/rcc.v15e1202069-81","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERARY THEORY & CRITICISM","Score":null,"Total":0}
A poética indígena como resistência: por uma abertura na literatura brasileira contemporânea
Há 500 anos, os povos indígenas r(existem) em sua pluralidade. Contra a guerra unificadora do Estado, a abertura ao múltiplo. De um lado dessa guerra, impondo uma língua única, está a pátria e sua “língua paterna”; do outro, a língua materna dos povos plurais, língua-mátria, língua-terra, língua com a qual se tem uma relação de afeto, e não de comando; de pertencimento, e não de propriedade; de cuidado, e não de mercadoria. Não se trata, no entanto, apenas de preservar a língua materna, a resistência também se faz no devir-menor que ela realiza na língua maior. Um devir que desvia a língua paterna de seus propósitos estatais homogeneizadores, de sua violência excludente. A agência da literatura ameríndia, como uma rasgadura em nossa história cultural, coloca nosso etnocentrismo e antropocentrismo em questão, abertura de nosso mundo tão fechado em si mesmo para outros mundos.