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Este artigo propõe-se pensar a especificidade da clínica com refugiados com base no uso da língua de acolhimento por parte do analisando e seus destinos na transferência. Mais especificamente, visa-se a pensar como o encontro com língua do analista, pelo enlace transferencial, pode engajar o sujeito em um movimento de ida e vinda entre sua língua de origem e a de acolhimento, que promova a desintoxicação dos conteúdos traumáticos operada pela sua transcrição em outra espacialidade psíquica; hipótese clínica que nomeia este artigo. Para tanto, propõe-se a revisão teórica do termo “tradução” na bibliografia psicanalítica, notadamente a partir da obra inédita no Brasil de Janine Altounian, atentando ao “papel tradutor” que a transferência opera ante episódios traumáticos não metabolizados pelo psiquismo. A seguir, uma vinheta clínica é utilizada para ilustrar os debates teóricos suscitados.
Palavras-Chave: Refúgio, língua, transferência, tradução, trauma.