“S. sebastiao从来没有这样过”

Ana Claudia Vieira Martins, A. E. M. Rodrigues, J. M. Freitas
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摘要

这篇文章的目的是分析1908年天花流行病的表现,在joao do里约热内卢的故事“瘟疫”中,造成6400多人死亡。例子(1985)邻苯二甲酸酯具有文学审美-esgar新艺术讲,最初发表在报纸新闻,然后聚集在购物,在晚上(1910),主要有作为叙述者的势利的卢西亚诺·塔,县,一资深inomeado,旧爱的大污染的发展核桃的天花。假设的前提是约翰河这个角色的流行病学(西元1998年)在你的自己的时间,威廉独自在文学重要的原因,在一场瘟疫中,作者阐明疾病及其过程—扩散、蔓延、隔离、畸形、死亡—一起看看评论关于这个镇除了太子港的种的现代化;一个令人不安的愿景(戈梅斯,1994),在进步意识形态的面纱下阅读它的弊病。从这个意义上说,《瘟疫》揭示了一个flanneur在空空城市前的瘫痪状态(MARTINS, 2021),被“膀胱病”污染:sao sebastiao受死亡伤害,由obaluaye的惊人标志统治,类似于灾难性的战场经验。
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“Nunca S. Sebastião esteve assim”
O presente artigo tem como objeto a análise das representações da epidemia de varíola que assolou a cidade do Rio de Janeiro em 1908, deixando um saldo de mais de 6.400 mortos, no conto “A peste”, de João do Rio. Exemplo do que Paes (1985) classifica como literatura-esgar de estética art nouveau, o conto publicado originalmente na Gazeta de Notícias e em seguida reunido na coletânea Dentro da noite (1910), tem como narrador principal o esnobe Luciano Torres, o qual relata, a um interlocutor inomeado, o trágico desenrolar da contaminação de seu amado Francisco Nogueira pela varíola. Partindo da premissa de que João do Rio observa o caráter de ruptura epidemiológica (McNEILL, 1998) em seu próprio tempo, a pestilência real transfigura-se em motivo literário significativo, pois, através das representações da peste presentes no conto, o escritor articula a doença e seus processos – difusão, contágio, isolamento, desfiguração, morte – a uma mirada crítica sobre a cidade, para além da perspectiva eufórica da modernização da belle époque; uma visão disfórica (GOMES, 1994), que lê, sob o véu do ideário do progresso, suas mazelas. Nesse sentido, “A peste” revela a condição paralisante de um flâneur diante da cidade vazia (MARTINS, 2021), contaminada pelo “mal das bexigas”: a São Sebastião ferida de morte, regida pelo signo assombroso de Obaluaiê e análoga à experiência catastrófica do campo de batalha.
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