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As “crianças da zika” segundo nos contaram os jornais brasileiros: uma leitura retrospectiva a partir da cobertura noticiosa
Parte-se da premissa de que a epidemia de Zika seria uma história não acabada, na medida em que suas consequências se estenderão para sempre. Estão estampadas nas sequelas sofridas pelas crianças acometidas pela síndrome congênita – deficientes múltiplos, que seguirão demandando, de suas famílias e do Estado, cuidados perenes. Desse modo, foi encaminhada uma pesquisa documental que analisou a narrativa de jornais brasileiros de grande circulação sobre a Síndrome Congênita do Zika-Vírus/Microcefalia, recortada ao longo dos dois e meio primeiros anos da cobertura noticiosa. Interessava saber como se deu o enquadramento discursivo acerca dos efeitos dos danos neurológicos e das anomalias, na infância e na vida futura dos bebês afetados. Conclui-se que essa permanência histórica da epidemia de microcefalia e, portanto, da Síndrome Congênita do Zika, não foi adequadamente antecipada pelos jornais que noticiaram o fenômeno naquela época.