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Neste artigo apresentamos uma interpretação ao discurso de Fedro do Banquete platônico, um dos menos trabalhados pela tradição interpretativa. Analisamos inserção das três personagens: Alceste, Orfeu e Aquiles, na estrutura do discurso. Alceste uma mulher que morre para que o marido Admeto continue vivo, Orfeu que não tendo coragem de morrer por Eurídice invade o Hades usando artifícios e Aquiles que segue Pátroclo na morte. Compreendemos então o olhar favorável reservado a Aquiles no discurso. Nossa interpretação explora questões relativas à pederastia e marca no texto a diferença entre referências específicas a essa instituição e simples referências a amantes e amados, essas últimas mais amplas. Amplas ao ponto de inserir, como amante, numa fala marcada por referências a contextos em que figuram exclusivamente homens, a personagem Alceste. Fedro apresenta a variável do olhar do parceiro um elemento intensificador do repúdio às coisas repugnantes e da ambição pelas coisas belas, mecanismo característico da relação erótica e fundamental para sua coesão. O ápice da manifestação de Eros seria morrer pelo outro. A posição de eromenos na relação pederástica e o fato de ter morrido quando Pátroclo já estava morto são elementos que diferenciam a narrativa de Aquiles da de Alceste. Apesar de terem morrido por quem amavam, Aquiles, um menino, o fez sem que estivesse sob o olhar do outro. Nossa leitura permite, ao verificar meandros da fala e Fedro, compreender o extraordinário benefício concedido pelos deuses ao eromenos Aquiles neste que é o primeiro dos discursos do Banquete.