The Nature of Space by Milton Santos (review)

ton Santos apresenta uma teoria social do espaço geográfico. O processo da sua elaboração envolveu a produção de um manancial de estudos publicados em forma de livros, ensaios e coletâneas que serviram de base para a formulação da sua teoria social do lugar, do espaço geográfico e do território, inclusive a tradução de três outros livros da sua autoria para o inglês (Santos, 2017a, 2017b, 2020). A obra de Milton Santos é substancial (Melgaço & Prouse, 2017). No primeiro capítulo do livro, uma ontologia do espaço: noções fundadoras, encontram-se os esclarecimentos das bases teórico-conceptuais dos conceitos técnica e tempo. O segundo capítulo, a produção das formas-conteúdo, foi dedicado à apresentação dos processos operacionais de produção das formas-conteúdo para mostrar a indissociabilidade de sentido e realidade. Por uma geografia do presente é a terceira parte do livro. Nessa secção, o autor demonstra o papel da geografia na interpretação dos eventos que se sucedem no espaço. A quarta parte encerra com a força do lugar. Aqui Santos faz uma análise das singularidades dos lugares: o lugar e o cotidiano, as ordens universal e local em conflito perpétuo. Note-se que em termos de abordagem metodológica, o processo de concepção da teoria espacial é baseado no binômio descrição-explicação: “Description and explication are inseparable. The desire to explicate should be the basis of good description, and good description itself presupposes the existence of a system” (p. 2). Esse método permite a sua apropriação por outros campos de saber e até serve como base para a interpretação dos fatos que ocorrem em qualquer canto do mundo, mas sobretudo, nos países subdesenvolvidos, com maior destaque nos latino americanos e da África Subsaariana. A maior parte da argumentação teórica contida na obra, senão toda, destaca que as forças motrizes de transformações que sucedem no espaço, tanto nos meios da natureza até aos espaços humanizados, já com funções definidas, no contexto de divisão territorial do trabalho, são galvanizadas pela velocidade da técnica e pelo movimento de acumulação do capital. Esse processo é viabilizado pela globalização. Pode-se dizer que a teoria do espaço, ou teoria do território, ou ainda a teoria do lugar, emerge a partir da interpretação dos objetos espaciais, das ações dos atores hegemónicos e das narrativas ideológicas. Para o autor, a técnica é um meio e, ao mesmo tempo, um instrumento de produção e de reprodução do espaço geográfico. Por sua vez, o tempo se constitui como um meio que auxilia na identificação das etapas da evolução das técnicas, do movimento de propagação como ainda na identificação das particularidades do espaço real e do tempo real. No espaço geográfico, a técnica se manifesta por meio de sistemas de objetos. Na nossa reflexão sobre esse fato, fixamo-nos em alguns empreendimentos implantados em Moçambique, como por exemplo, a Barragem de Cahora Bassa que foi implantada numa das secções do rio Zambeze, com o objetivo de gerar a corrente eléctrica necessária para a indústria pesada instalada na África do Sul. O outro exemplo são os corredores de transportes, que são apresentados como corredores de desenvolvimento no