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RESSONÂNCIA E REINVENÇÃO: DEBATE E PRÁTICA URBANA ANTES DA REVOLUÇÃO PORTUGUESA
Nos anos sessenta do século xx, as redes impressas de disseminação arquitectónica ampliavam a escala de interacção e conectavam geografias distantes, proporcionando contacto com novas ideias de organização do território e do habitat, numa sociedade em rápida mudança, sob pressão demográfica e territorial, e com um imaginário graficamente contaminado pela evolução tecnológica. Em contraste, a resposta ao problema de escassez de habitação em Portugal era marcada por paisagens “pessimistas”, em territórios sujeitos a um não‑planeamento. Este artigo procura compreender até que ponto a ressonância dos conteúdos e do debate crítico internacional, amplamente mediatizados pelos periódicos especializados, se projectou na investigação de modelos habitacionais, nas formas de representação e na reinvenção das práticas do planeamento urbano em Portugal, no final da década de sessenta. A partir da análise qualitativa de textos, conteúdos e imagens publicados nas revistas Arquitectura e Binário, e da documentação de arquivo original do caso concreto do Plano Integrado de Almada —momento primeiro de experimentação—, verifica-se a influência desta perspectiva crítica ampliada na procura e definição de soluções, notória no modo como a concepção arquitectónica se foca nos sistemas geradores e de agregação, visando a flexibilidade e adaptabilidade, em lugar das anteriores preocupações com a composição formal.