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MONTAR A CENA PELA ESCRITA INTERVALAR E PELO APARECIMENTO EMANCIPATÓRIO: O MÉTODO ESTÉTICO-POLÍTICO DE JACQUES RANCIÈRE
RESUMO A partir das reflexões mais recentes de Rancière, realizadas, sobretudo entre os anos 2017 e 2020, o artigo sistematiza os principais eixos da construção de seu método, que consiste em articular singularidades heterogêneas em cenas originadas na confluência de sua escrita com o aparecer dissensual de sujeitos políticos. Argumentamos que Rancière elabora, através de uma escrita anti-hierárquica, um trabalho de perturbação da “máquina explicativa” (2016, p. 68) que sustenta discursos especializados e suas diferentes traduções em linguagens que insistem em manter uma ordem que controla quem pode aparecer sobre a cena, atualizando as separações entre espacialidades, temporalidades e corporeidades. Sua escrita e seu gesto metodológico podem auxiliar a compreender como a pesquisa baseada na montagem de cenas polêmicas assume o risco de produzir topografias igualitárias nas quais a palavra do pesquisador desliza entre as palavras de vários sujeitos, de vários textos e de várias experiências.