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O movimento eugenista nasceu no final do século XIX, na Inglaterra, tendo como principal protagonista Francis Galton (1822-1911); ao Brasil, chegou na passagem do século XIX para o XX, mas ganhou capilaridade a partir do protagonismo de Renato Kehl (1889-1974). Os partidários da eugenia acreditavam na sua efetivação para eliminar os grupos que apresentavam comportamentos anormais, por meio de políticas de controle de natalidade, criação de espaços de segregação, eliminação física e outros métodos. O presente artigo tem como finalidade discorrer sobre os fatores que, de acordo com a história da eugenia, propiciaram o seu nascimento na Europa e EUA. No Brasil, buscar-se-á demonstrar que embora a eugenia tenha tido receptividade por parte dos intelectuais, médicos e aqueles alinhados com os preceitos eugênicos, constata-se que ela foi um mecanismo fundamental para objetivar a segregação, a miscigenação e a eliminação dos negros/as no interior da sociedade brasileira. Tais ações foram realizadas para se constituir um povo brasileiro que, ao juízo dos eugenistas, deveria ser branco e, ao mesmo tempo, responder às transformações que o país estava sofrendo em um contexto de modernização. Dessa forma, o ideário dos eugenistas era reverberado nos artigos publicados nos “Boletins de Eugenia”, que tiveram ampla circulação no Brasil entre os anos de 1929 e 1933.
期刊介绍:
The Revista de Filosofia: Aurora (Qualis A2) is a quarterly publication of the Graduate Program in Philosophy of the Pontifical Catholic University of Paraná (PUCPR). It has published, since 1988, research findings with the purpose of contributing to the training and activity of philosophers and other professionals in related fields. The Revista de Filosofia Aurora (Journal of Philosophy Aurora) publishes scientific articles, reviews, and interviews by adopting the peer review process among members of the editorial board and the specialized scientific community in a double-blind review, i.e., both the names of the reviewers and of the authors are not disclosed. The abbreviated title of the journal is Rev. Filos. Aurora and it is used in bibliographies, references, footnotes, and bibliographic legends.