Educação em saúde e diálogos interprofisisonais: considerações sobre uma prática

L. S. Lima, Geanne Moraes Pires, Denise Herdy Afonso
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Mas pode-se notar que ainda há resistência em aderir ao modelo proposto, mantendo-se a prevalência de relações tradicionais nos serviços assistenciais, o que provavelmente pode advir de uma formação tecnicista dos profissionais que integram uma equipe. A educação interprofissional vem como proposta de realização às essas mudanças na formação atual, que produz práticas profissionais específicas para uma perspectiva em que a profissões aprendam de forma integrada o trabalho conjunto e sobre as especificidades de cada uma na melhoria da atenção à saúde dos usuários, [8] conceituada como uma proposta onde 2 ou mais profissões aprendem juntas sobre o trabalho conjunto e sobre as especificidades de cada uma, na melhoria da qualidade no cuidado ao paciente[9]. Objetivos: A pesquisa em questão teve como objetivo primário analisar as experiências em Educação Interprofissional dos estudantes que cursaram a disciplina de Educação em Saúde nos anos de 2015-2016, nos cursos de psicologia, medicina e fisioterapia. Os objetivos secundários foram os de Identificar as competências desenvolvidas durante a educação interprofissional, descrever os sentidos e significados produzidos durante a prática interprofissional e avaliar a implantação da educação interprofisisonal nos cursos de saúde de uma instituição de ensino superior pública Estadual. Método: Tratou-se de uma pesquisa de cunho qualitativo descritiva fenomenológica. A coleta de dados consistiu em entrevista semiestruturada realizada com 30 estudantes que cursaram a disciplina de Educação em Saúde no período de 2015–2016, dos cursos: Fisioterapia, Medicina e Psicologia. O estudo consistiu da análise temática de conteúdo das entrevistas dos discentes que participaram da disciplina “Educação em Saúde”. A análise se constituiu em três etapas: exploração do material ou codificação, pré – análise e tratamento do resultado obtido/interpretação. Resultados: Quando indagados sobre o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe e em como a graduação está preparando os futuros profissionais para trabalhar em equipe, os participantes afirmam que estas competências são desenvolvidas nas suas vivências durante a graduação e em outros contextos, não é algo desenvolvido teoricamente, exige que seja realmente em práticas que os façam trabalhar em equipe. E quanto a se as graduações os preparam para trabalhar em equipe os participantes ressaltam que ainda é um processo  falho, a graduação tem deixado a desejar quando se trata de preparar para uma prática interprofissional. [8] Praticando, principalmente aqui na formação, que é onde podemos estar todos os dias conversando com estudantes de outros cursos, e trocar informações. É nessa prática na universidade que primeiramente vamos aprender, para quando sair daqui conseguir interagir com outros profissionais. [9] (Participante 12). Indagados acerca do que pensam hoje sobre aprender em conjunto com outros estudantes da área da saúde, e como percebem que a educação interprofissional pode contribuir para uma prática colaborativa, ou seja seus sentidos e significados sobre a educação interprofissional desenvolvidos durante a disciplina, os participantes colocam que é essencial para as suas futuras atuações profissionais e que assim desenvolveram um olhar ampliado sobre o usuário de saúde e os processos de saúde-doença. Mas também pontuam que ainda falta uma maior organização da oferta desse tipo de metodologia, que os deixou confusos sobre as finalidades, mas ao final eles relatam que o resultado foi compensador. “Acho que a importância é porque o indivíduo ele tem que ser visto como um todo, então como médica eu não posso achar que  só eu sou suficiente para dar atenção integral ao paciente, ele precisa também de receber cuidados de saúde mental, tem várias outras coisas que ele precisa, então se a equipe não trabalha junta, ela não consegue garantir o atendimento que ele precisa [9]. (Participante 7) Pudemos constatar que os participantes colocam que a educação Interprofissional oferta  uma comunicação efetiva com estudantes de outras áreas, e que assim puderam visualizar como seria um prática colaborativa, muitas vezes vista por eles, como uma prática distante,   o que pode se dar pelo fato de ainda predominar um modelo biomédico, com destaque para  a especificidade de cada profissão, todos atuando de forma individual, para alcançar  objetivos pontuais. Conclusões: Nos relatos dos participantes notou-se que a formação profissional na área da saúde ainda se encontra pautada no desenvolvimento de competências especificas de cada profissão, com locus bem delimitados, com o predomínio do modelo uniprofissional, o que colabora para uma prática individual, rígida e fragmentada, ou seja, o cuidado despendido ao usuário de saúde ocorre de maneira não planejada, negligenciando demandas. Tal fato fortalece os modelos que ainda predominam na formação de profissionais e uma prática biomédica hegemônica. A disciplina de Educação em Saúde é posta como uma possibilidade de prática para desenvolver as competências necessárias  para trabalhar em equipe, o que se confirmou no relato dos participantes deste estudo, que trouxeram a necessidade da ampliação dessa experiência para os demais cursos e maior frequência durante a graduação. Os participantes deste estudo apontam que a Educação Interprofissional proporcionou o desenvolvimento de competências para o trabalho em  equipe, uma prática efetivamente colaborativa, desenvolver uma melhor comunicação com profissionais de outras áreas e o desenvolvimento de um olhar ampliado sobre as demandas trazidas pelos usuários de saúde.","PeriodicalId":358918,"journal":{"name":"JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750","volume":"25 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-09-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14295/JMPHC.V8I3.593","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract

Introdução: Percebendo que as aplicações fragmentadas de técnicas específicas de cada profissional não têm atendido às demandas trazidas pelos usuários,tem-se mobilizado em busca de formular e desenvolver práticas integrativas dos profissionais, afim de atender às demandas apresentadas pelos usuários do SUS. Para isso há a necessidade de ampliação do ensino para além da formação específica, preconizando uma formação multiprofissional e interprofissional. As DCN[7]s (Diretrizes Curriculares Nacionais) dos cursos de Medicina, Fisioterapia e Psicologia, nos artigos 5º parágrafo IX, 5º parágrafo III, 8º parágrafo IX respectivamente, preconizam que a formação deve preparar estes profissionais para uma atuação multiprofissional e interprofissional na atenção à saúde. Mas pode-se notar que ainda há resistência em aderir ao modelo proposto, mantendo-se a prevalência de relações tradicionais nos serviços assistenciais, o que provavelmente pode advir de uma formação tecnicista dos profissionais que integram uma equipe. A educação interprofissional vem como proposta de realização às essas mudanças na formação atual, que produz práticas profissionais específicas para uma perspectiva em que a profissões aprendam de forma integrada o trabalho conjunto e sobre as especificidades de cada uma na melhoria da atenção à saúde dos usuários, [8] conceituada como uma proposta onde 2 ou mais profissões aprendem juntas sobre o trabalho conjunto e sobre as especificidades de cada uma, na melhoria da qualidade no cuidado ao paciente[9]. Objetivos: A pesquisa em questão teve como objetivo primário analisar as experiências em Educação Interprofissional dos estudantes que cursaram a disciplina de Educação em Saúde nos anos de 2015-2016, nos cursos de psicologia, medicina e fisioterapia. Os objetivos secundários foram os de Identificar as competências desenvolvidas durante a educação interprofissional, descrever os sentidos e significados produzidos durante a prática interprofissional e avaliar a implantação da educação interprofisisonal nos cursos de saúde de uma instituição de ensino superior pública Estadual. Método: Tratou-se de uma pesquisa de cunho qualitativo descritiva fenomenológica. A coleta de dados consistiu em entrevista semiestruturada realizada com 30 estudantes que cursaram a disciplina de Educação em Saúde no período de 2015–2016, dos cursos: Fisioterapia, Medicina e Psicologia. O estudo consistiu da análise temática de conteúdo das entrevistas dos discentes que participaram da disciplina “Educação em Saúde”. A análise se constituiu em três etapas: exploração do material ou codificação, pré – análise e tratamento do resultado obtido/interpretação. Resultados: Quando indagados sobre o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe e em como a graduação está preparando os futuros profissionais para trabalhar em equipe, os participantes afirmam que estas competências são desenvolvidas nas suas vivências durante a graduação e em outros contextos, não é algo desenvolvido teoricamente, exige que seja realmente em práticas que os façam trabalhar em equipe. E quanto a se as graduações os preparam para trabalhar em equipe os participantes ressaltam que ainda é um processo  falho, a graduação tem deixado a desejar quando se trata de preparar para uma prática interprofissional. [8] Praticando, principalmente aqui na formação, que é onde podemos estar todos os dias conversando com estudantes de outros cursos, e trocar informações. É nessa prática na universidade que primeiramente vamos aprender, para quando sair daqui conseguir interagir com outros profissionais. [9] (Participante 12). Indagados acerca do que pensam hoje sobre aprender em conjunto com outros estudantes da área da saúde, e como percebem que a educação interprofissional pode contribuir para uma prática colaborativa, ou seja seus sentidos e significados sobre a educação interprofissional desenvolvidos durante a disciplina, os participantes colocam que é essencial para as suas futuras atuações profissionais e que assim desenvolveram um olhar ampliado sobre o usuário de saúde e os processos de saúde-doença. Mas também pontuam que ainda falta uma maior organização da oferta desse tipo de metodologia, que os deixou confusos sobre as finalidades, mas ao final eles relatam que o resultado foi compensador. “Acho que a importância é porque o indivíduo ele tem que ser visto como um todo, então como médica eu não posso achar que  só eu sou suficiente para dar atenção integral ao paciente, ele precisa também de receber cuidados de saúde mental, tem várias outras coisas que ele precisa, então se a equipe não trabalha junta, ela não consegue garantir o atendimento que ele precisa [9]. (Participante 7) Pudemos constatar que os participantes colocam que a educação Interprofissional oferta  uma comunicação efetiva com estudantes de outras áreas, e que assim puderam visualizar como seria um prática colaborativa, muitas vezes vista por eles, como uma prática distante,   o que pode se dar pelo fato de ainda predominar um modelo biomédico, com destaque para  a especificidade de cada profissão, todos atuando de forma individual, para alcançar  objetivos pontuais. Conclusões: Nos relatos dos participantes notou-se que a formação profissional na área da saúde ainda se encontra pautada no desenvolvimento de competências especificas de cada profissão, com locus bem delimitados, com o predomínio do modelo uniprofissional, o que colabora para uma prática individual, rígida e fragmentada, ou seja, o cuidado despendido ao usuário de saúde ocorre de maneira não planejada, negligenciando demandas. Tal fato fortalece os modelos que ainda predominam na formação de profissionais e uma prática biomédica hegemônica. A disciplina de Educação em Saúde é posta como uma possibilidade de prática para desenvolver as competências necessárias  para trabalhar em equipe, o que se confirmou no relato dos participantes deste estudo, que trouxeram a necessidade da ampliação dessa experiência para os demais cursos e maior frequência durante a graduação. Os participantes deste estudo apontam que a Educação Interprofissional proporcionou o desenvolvimento de competências para o trabalho em  equipe, uma prática efetivamente colaborativa, desenvolver uma melhor comunicação com profissionais de outras áreas e o desenvolvimento de um olhar ampliado sobre as demandas trazidas pelos usuários de saúde.
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健康教育和专业间对话:对一种做法的考虑
导言:意识到每个专业人员的特定技术的碎片化应用并没有满足用户带来的需求,它被动员起来,寻求制定和发展专业人员的综合实践,以满足SUS用户提出的需求。为此,有必要将教学扩展到特定的培训之外,提倡多专业和跨专业的培训。医学、物理治疗和心理学课程的DCN[7]s(国家课程指南)分别在第5条第9款、第5条第3款和第8条第9款中建议,培训应使这些专业人员为保健方面的多专业和跨专业活动做好准备。但可以注意到,坚持提出的模式仍然存在阻力,在护理服务中保持传统关系的普遍存在,这可能是由于组成团队的专业人员的技术培训。教育是跨部门目前阵容怎么建议的这些变化,产生了特定的专业实践的观点综合学习的职业特性上的合作,每一个用户在改善注意健康,[8]路易斯,建议2个或更多的职业在这里学习在一起互相合作和每一个特征提高病人护理质量[9]。目的:本研究的主要目的是分析2015-2016年健康教育学科学生在心理学、医学和物理治疗课程中的跨专业教育经验。次要目标是确定在跨专业教育期间发展的能力,描述在跨专业实践中产生的意义和意义,并评估在公立高等教育机构的卫生课程中实施跨专业教育的情况。方法:这是一种现象学描述性质的研究。数据收集包括对2015 - 2016年期间参加健康教育课程的30名学生的半结构化访谈,课程包括:物理治疗、医学和心理学。本研究采用主题内容分析的方法,对参加“健康教育”课程的学生进行访谈。分析包括三个阶段:材料探索或编码,预分析和结果处理/解释。结果:当问关于开发技能、团队协作和专业毕业,在准备未来的工作作为一个团队,参与者称这些开发能力在经验在毕业典礼和其他上下文,并不是真正在理论上要求开发实践,使他们作为一个团队工作。至于毕业是否为团队合作做好了准备,参与者指出这仍然是一个有缺陷的过程,当涉及到为跨专业实践做准备时,毕业还有待改进。[8]练习,主要是在这里的形成,在那里我们可以每天与其他课程的学生交谈,交换信息。在大学里,我们首先要学习的是这种实践,这样当你离开这里的时候,你就可以与其他专业人士互动。[9](参与者12)。问的关于今天认为对健康和其他学生一起学习,认识到教育跨部门协作可以为实践,即感官教育意义和跨行业发展的学科,是至关重要的参与者把他们的未来专业表演的发展看带的是医疗卫生用户文件。但他们也指出,在提供这种方法方面仍然缺乏更大的组织,这让他们对其目的感到困惑,但最终他们报告说,结果是有回报的。“我想是因为个体的重要性他必须被视为一个整体,所以作为一名医生我不可以找到足够我是充分重视病人的心理,他也需要接受医疗服务,有很多其他的事情,他需要,如果没有团队合作,他要她无法确保医疗品质[9]。
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