{"title":"MAIS DO BOM NÃO FAZ BEM: PROBLEMAS DO REFORÇO LIVRE","authors":"Hélio José Guilhardi","doi":"10.18542/rebac.v14i2.7537","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Skinner (1986,1987) escreveu sobre os dois efeitos do reforçamento: fortalecimento e prazer. Na sociedade ocidental as práticas culturais têm substituído a função de fortalecimento pela de prazer, quando os reforços são dados sem relação de contingência com os comportamentos. Relações entre comportamento e consequência, que acontecem apenas por contiguidade, dão origem a amplas e variadas classes de respostas chamadas “supersticiosas”, que são mantidas pela satisfação que produzem, em detrimento da função de fortalecimento. Perde-se, assim, a relação entre o organismo e o ambiente própria do paradigma operante, no qual comportamento produz consequências que selecionam os comportamentos que as produzem. Quando os reforços são dados de modo arbitrário e livre o Ser Humano reduz seu repertório de comportamentos operantes produtivos e aumenta a dependência de reforços mediados por outras pessoas; torna-se assim dependente do outro e busca prioritariamente consequências prazerosas. Tais consequências são prejudiciais para o desenvolvimento do indivíduo que tende a se tornar apático, deprimido, dependente de pessoas, reivindicador, insatisfeito com a vida e, como consequência, o grupo social também perde, pois a estabilidade e progresso dele dependem da participação ativa, cooperativa e construtiva de seus membros. Muitos dos problemas comportamentais e afetivos da sociedade atual decorrem do excesso de reforço livre, que resulta em satisfação efêmera e déficit comportamental generalizado, que têm prevalecido nas práticas parentais e educacionais do mundo pós-moderno.Palavras-chave: reforço livre, comportamento supersticioso, prazer e fortalecimento em relações operantes, práticas culturais deletérias.","PeriodicalId":250172,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Análise do Comportamento","volume":"11 2 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-09-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"2","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Brasileira de Análise do Comportamento","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18542/rebac.v14i2.7537","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Skinner (1986,1987) escreveu sobre os dois efeitos do reforçamento: fortalecimento e prazer. Na sociedade ocidental as práticas culturais têm substituído a função de fortalecimento pela de prazer, quando os reforços são dados sem relação de contingência com os comportamentos. Relações entre comportamento e consequência, que acontecem apenas por contiguidade, dão origem a amplas e variadas classes de respostas chamadas “supersticiosas”, que são mantidas pela satisfação que produzem, em detrimento da função de fortalecimento. Perde-se, assim, a relação entre o organismo e o ambiente própria do paradigma operante, no qual comportamento produz consequências que selecionam os comportamentos que as produzem. Quando os reforços são dados de modo arbitrário e livre o Ser Humano reduz seu repertório de comportamentos operantes produtivos e aumenta a dependência de reforços mediados por outras pessoas; torna-se assim dependente do outro e busca prioritariamente consequências prazerosas. Tais consequências são prejudiciais para o desenvolvimento do indivíduo que tende a se tornar apático, deprimido, dependente de pessoas, reivindicador, insatisfeito com a vida e, como consequência, o grupo social também perde, pois a estabilidade e progresso dele dependem da participação ativa, cooperativa e construtiva de seus membros. Muitos dos problemas comportamentais e afetivos da sociedade atual decorrem do excesso de reforço livre, que resulta em satisfação efêmera e déficit comportamental generalizado, que têm prevalecido nas práticas parentais e educacionais do mundo pós-moderno.Palavras-chave: reforço livre, comportamento supersticioso, prazer e fortalecimento em relações operantes, práticas culturais deletérias.